Aprender a Financiar o Green Deal no IDEFE/ISEG
Torna-se assim urgente obter-se conhecimento técnico que permita o reposicionamento do setor financeiro, existindo uma vasta oferta de trabalho para quem tenha conhecimentos sobre sustainable finance.
Nesta semana vários têm sido os nomes a afirmar que a recuperação europeia vai passar pela recuperação ambiental. A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou dia 28 de abril, que a estratégia de desenvolvimento europeia assente na promoção de um modelo sustentável – o Green Deal – iria continuar a ser central no plano de recuperação económica da Europa no pós Covid.
A Chanceler Alemã Angela Merkel veio também reforçar esta posição, afirmando que “temos de nos encorajar a não esquecer a proteção ambiental e a não reduzi-la à poupança de dinheiro, mas antes a promove-la”. O Green Deal veio para ficar, e precisa de ser financiado. E isso vai ter regras.
É importante ter presente que, enquanto Portugal e o mundo estiveram mergulhados, e bem, a tentar proteger o cidadão do vírus, os trabalhos relacionados com o financiamento verde continuaram ao nível da Comissão Europeia. A Diretiva de informação não financeira está em revisão e em consulta pública, sendo muito expectável que as grandes empresas com mais de 500 colaboradoras tenham de passar a reportar a percentagem de vendas, CAPEX e OPEX que é verde. As instituições financeiras terão ainda de reportar como é que o seu crédito, produtos financeiros e investimentos estão ou não alinhados com as atividades ambientalmente sustentáveis definidas na Taxonomia Europeia, e isto já em 2021.
O passo seguinte será analisar a possibilidade de os rácios prudenciais poderem vir a estar também associados aos empréstimos concedidos a atividades ambientalmente sustentáveis. Atualmente, e até julho, está em discussão pública a “Estratégia renovada de financiamento sustentável da Comissão Europeia”, que irá dar origem a regras e leis que o setor financeiro nunca pensou poder vir a ter de cumprir. Mas terá. Os tempos são outros. E todos temos de contribuir.
Torna-se assim urgente obter-se conhecimento técnico que permita o reposicionamento do setor financeiro. Ao nível do mercado de trabalho internacional é evidente a procura por profissionais que tenham algum conhecimento sobre o tema, existindo uma vasta oferta de trabalho no mundo para quem tenha conhecimentos sobre sustainable finance.
É neste contexto que volto ao ISEG, 23 anos após ter finalizado a minha licenciatura em economia. Uma boa surpresa. Volto para co-coordenar, em conjunto com a Presidente do ISEG Clara Raposo, o curso para executivos em “Sustainable Finance: Green and Climate Finance”. Este curso, inicialmente planeado para ocorrer em maio, vai ocorrer de 17 de setembro a 9 de outubro. Serão 8 dias de formação. E está tudo acautelado: se for possível faremos presencialmente, se for necessário fazemos online ou o mix de presencial e online. Todos os professores contactados aceitaram com entusiasmo a mudança de datas e a flexibilidade na forma de implementação. Em tempos incertos a flexibilidade é a melhor estratégia para fazer acontecer.
Assim, temos confirmados como professores alguns dos melhores do mundo no tema da sustainable finance: Paul Fisher com 16 anos experiência no Banco de Inglaterra, nomeadamente como Deputy Head Prudential Regulation Authority and Executive Director for Supervisory Risk Specialists and Regulatory Operations, tendo sido também membro do High Level Experts Group on Sustainable Finance da Comissão Europeia; Pierre Rousseau, Senior Strategic Advisor for Sustainable Busines no BNP Paribas; Ana Jantarada, que lidera a equipa de Sustainable Finance Markets do BPN Paribas em Lisboa; Richard Burret Head of Sustainability na Earth Capital e Administrador não executivo independente do Triodos Bank UK, e Administrador não executivo do Union Bank of Nigeria PLC;
Erick Van Labeck , Head of Research de Investimento Sustentável na OFI Asset Management; e Matteo Bigoni, Head of Certifications na Carbon Bond Initiative; Miguel J. Martins, ex-Banco Mundial IFC e atualmente professor na Harvard Graduate School of Design, entre outros professores especializados em Alterações Climáticas, Serviços dos Ecossistemas e Economia Circular.
Este curso, que conta também com o apoio institucional do Ministério do Ambiente e da Ação Climática, pretende assim dotar os participantes de conhecimento técnico, útil e prático sobre como implementar a sustainable finance nas organizações financeiras. Um enorme desafio. E uma enorme oportunidade de aprender a fazer finanças de outra forma, cada vez mais procurada a nível internacional.
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