BCP tem mais um dono

A Fosun tem 16,7% do capital do BCP e já é o maior acionista do banco liderado por Nuno Amado. O BCP é agora um banco sino-angolano que também tem capital espanhol.

A Fosun já é a maior acionista do BCP com 16,7% do capital, acima dos 16,5% da Sonangol e da Inter-Oceânico ou, dito de outra forma, os chineses e angolanos dividem o poder acionista no banco e a gestão consegue, assim, manter a independência e capacidade de decisão, até recuperá-la face a uma estrutura em que a Sonangol mandava sozinha.

O BCP precisa de novos acionistas, e de mais capital. A entrada da Fosun é o primeiro passo, e é importante porque assume desde já a intenção de aumentar a posição até aos 30% do capital. Como é evidente, não são os 175 milhões de euros pagos agora pela participação de 16,7% que resolvem as necessidades de capital do banco, que podem ser asseguradas por mais dinheiro ou por vendas de ativos. O caminho operacional é mais difícil, as necessidades de provisões (malparado) ainda são pesadas e o turn-around de resultados vai demorar mais uns quantos trimestres.

O BCP está ainda à espera do que vai suceder na CGD, qual vai ser a estratégia de provisões é ainda incerta, mas já se sabe que vai ser agressiva. Mas quanto? Depende da gestão (António Domingues?), da Deloitte (o auditor, o mesmo do BCP) e do próprio Banco de Portugal. Em função da limpeza de malparado na CGD, assim se fará no BCP, há muitos casos que estão nos dois bancos. Ora, Nuno Amado e Miguel Maya (vice-presidente) precisam de conhecer isso antes de proporem um reforço de capital.

Na assembleia geral de 19 de dezembro, talvez já seja mais clara a estratégia do BCP para pagar os 750 milhões de euros que ainda deve ao Estado e que tem de devolver até julho do próximo ano.

Agora, no BCP, a geografia (leia-se o poder) está mesmo diversificada. Com chineses (incluindo a EDP) e angolanos, com espanhóis (o Sabadell). Os angolanos abriram a porta aos chineses, porque também precisam de um BCP forte, e com capital. Já perderam muito do capital investido, sim, mas só poderão recuperar se o BCP recuperar. É por isso que reza a história da unanimidade na entrada da Fosun.

Depois de um primeiro mandato a resolver problemas, que acabou por passar para o segundo mandato – termina no final de 2017 -, o BCP já está para lá do meio da ponte. Falta percorrer o resto.

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