Construção Sustentável – Uma necessidade urgente
Temos de reduzir a nossa dependência de materiais nocivos e oriundos de países como a Rússia
A guerra que se desenrola dramática, e quase instantaneamente aos olhos de todos, terá repercussões a nível mundial, sem dúvida. Mais uma vez, este “estado de arte” que vivemos nos ensina que a construção sustentável deverá, obrigatoriamente, ser um caminho a seguir.
A Rússia o segundo maior produtor mundial de petróleo bruto, depois da Arábia Saudita, é quem fornece cerca de um terço das necessidades da Europa. Esta turbulência do mercado está a alimentar preocupações, uma vez que o preço de muitas matérias-primas, alimentos, gasolina, e energia para aquecimento, já subiram mais do que nos últimos 30 anos, e a tendência é para aumentarem cada vez mais.
A dependência do petróleo e de matérias-primas vindas do exterior, nomeadamente, da Rússia, impõe edifícios mais sustentáveis, menos consumidores de energia e de recursos naturais. Mas, para a criação de edifícios com uma rede de energia zero é necessário apostar num bom isolamento e em materiais naturais, mais duráveis e de baixa manutenção.
A aposta nas energias renováveis é cada vez mais uma prioridade, é a única forma de reduzir significativamente a nossa dependência de energia vinda de combustíveis fósseis.
Deixar os materiais plásticos é outra necessidade, além de derivarem de petróleo, são materiais com um impacto ambiental enorme, na fase de descarte. Não há mercado para reciclar todo o plástico produzido.
Assistimos recentemente ao desmonte do prédio Coutinho, em Viana do Castelo, que era um verdadeiro manancial de materiais em bom estado para reutilização e, mais uma vez, os responsáveis se esqueceram da escassez de material vigente e que agora tende a aumentar, deixando ser processado todo o seu “miolo”, sem optar pela reutilização de materiais em bom estado.
Pois é outra lição que esta guerra nos dá: necessitamos de reutilizar o que temos. É obrigatório aumentar a vida útil dos materiais já produzidos e em bom estado.
Mas a alteração deste paradigma não se dá do “dia para a noite”. O primeiro-ministro holandês Mark Rutte alertou: “A dolorosa realidade é que ainda estamos muito dependentes do gás e do petróleo russos e se agora forçarmos as empresas europeias a deixar de fazer negócios com a Rússia, teriam enormes repercussões não só em toda a Europa, incluindo a Ucrânia, mas também em todo o mundo (…) Temos de reduzir a nossa dependência, mas isso levará tempo”, acrescentou ele.
Uma construção sustentável é pensada para reduzir o consumo de energia. Optar por energias renováveis, reutilizar e reciclar materiais, ao longo de todo o seu ciclo de vida, é imperativo! O Governo abriu recentemente uma candidatura dotada de 40 milhões de euros, para a implementação de medidas de eficiência energética e sustentabilidade, nos edifícios de toda a administração pública central, para além dos apoios em vigor para a sustentabilidade do parque edificado.
Mas é necessária uma aplicação deste financiamento de forma transparente e que privilegie as opções realmente sustentáveis para o setor da construção como, por exemplo, os materiais naturais, duráveis, de baixa manutenção, que proporcionem a redução de consumo de recursos, como a água e energia. Este é o caminho para uma verdadeira sustentabilidade deste setor, tão necessário à vida humana.
Este cenário de guerra não só é terrível e medonho, como nos faz aperceber de quão frágeis são as nossas opções, quando não as pensamos de modo sustentável.
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