Contratação de Seguros em Portugal: entre a Inovação e a Segurança

A Insurance Europe, em parceria com o European Youth Parliament, conduziu e publicou recentemente um estudo que mapeou as experiências e expectativas dos jovens face ao setor dos seguros.

É curioso notar que, no topo da lista, ao lado de conceitos como segurança e saúde, os jovens também associam ao setor ideias como burocracia, complexidade excessiva e até enfado.

Dos 651 jovens europeus que foram entrevistados, mais de metade (57%) consideraram o processo de contratação burocrático e complicado, levando a Insurance Europe a recomendar a simplificação dos processos de contratação de seguros, bem como o investimento, por parte da União Europeia, em literacia financeira dos seus jovens.

Esta perceção, embora expressa por uma faixa etária específica, reflete uma preocupação transversal que o setor segurador tem vindo a reconhecer e a enfrentar, e que tem moldado a evolução do setor tanto em Portugal como na União Europeia.

O panorama em Portugal

Simplificar processos, conquistar a confiança do consumidor e, simultaneamente, garantir o cumprimento de um quadro regulatório cada vez mais exigente representa um desafio complexo. No entanto, ao longo das últimas décadas temos testemunhado a forma como o setor segurador português tem superado esse desafio, e demonstrado uma resiliência e
capacidade de adaptação notáveis.

As seguradoras portuguesas têm vindo a apostar na simplificação da informação contratual disponibilizada aos clientes, procurado uma linguagem mais acessível, sintética e visualmente mais apelativa, sem descurar o cumprimento dos deveres legais a que estão vinculadas.

Ainda assim, conciliar simplicidade com exatidão técnica e conformidade legal constitui um exercício exigente. Trata-se de um equilíbrio delicado entre a clareza da comunicação e o rigor normativo, para o qual o apoio jurídico — com experiência prática e conhecimento profundo do setor — assume um papel determinante. É este apoio que permite às seguradoras inovar com segurança, garantindo que a simplificação não compromete a integridade jurídica dos contratos, nem põe em causa a sua posição perante as entidades reguladoras e fiscalizadoras.

Em Portugal, os esforços de desburocratização têm sido acompanhados de uma crescente incorporação de soluções tecnológicas que vieram otimizar a experiência do cliente — hoje mais célere, acessível e transparente.

A inovação tecnológica tem também permitido às seguradoras desenvolver produtos cada vez mais ajustados às necessidades do mercado, facilitando o cumprimento de deveres como a adequação do produto ao perfil do cliente.

Neste contexto, é necessário garantir que as soluções legais e tecnológicas sejam concebidas de forma integrada, assegurando o rigor normativo sem comprometer a clareza e a inteligibilidade da mensagem contratual.

Antecipar desafios e construir soluções

O setor segurador português acompanha de forma ativa as principais tendências globais. Tem enfrentado desafios como o desenvolvimento de produtos e experiências digitais personalizadas, recorrendo a inteligência artificial e big data; tem sentido as exigências crescentes em matéria de sustentabilidade e cibersegurança; e sofrido o impacto da instabilidade geopolítica.

Temos seguido de perto a evolução do setor e, felizmente, estamos otimistas: este é um setor que não só responde aos desafios do presente, mas também os antecipa e constrói soluções com visão estratégica.

Não deixa de ser revelador que, ao mesmo tempo que se reforça o investimento em inovação tecnológica e inteligência artificial, já se projeta o próximo desafio: a necessidade de manter — e reforçar — a confiança do cliente num ambiente cada vez mais, e quase totalmente, digital.