Desafios para as empresas em 2025: Navegar na volatilidade e adotar a sustentabilidade
Instabilidade, protecionismo, juros altos e custos energéticos elevados vão criar cenário difícil para as organizações. Em paralelo, será necessária conformidade com novas regras de sustentabilidade.
O ano de 2025 promete ser um período de grandes desafios para as empresas em Portugal e na Europa. A instabilidade geopolítica, o crescente protecionismo, as taxas de juro ainda altas e os custos energéticos elevados irão criar um cenário difícil para o crescimento e a previsibilidade das organizações. A incerteza política interna, com a Assembleia da República muito dividida, também poderá agravar esta situação, tornando o ambiente de negócios ainda mais complexo.
Em paralelo, um dos maiores desafios que as empresas terão de enfrentar será a imediata exigência de conformidade com as regulamentações europeias de sustentabilidade e diligência. A partir de 2025, as empresas serão obrigadas a reportar de forma mais detalhada as suas práticas sustentáveis, um requisito que não afetará apenas as grandes corporações, mas também todas as empresas presentes nas suas cadeias de valor, seja a montante ou a jusante.
Essa transição será um verdadeiro teste de adaptação, especialmente para aquelas que ainda não tomaram as medidas necessárias para se alinhar com as exigências da União Europeia. A falta de consciência sobre a necessidade de conformidade poderá tornar-se um obstáculo significativo, particularmente para as pequenas e médias empresas, que podem não estar preparadas para os custos e processos exigidos.
Apesar dos desafios, 2025 também trará oportunidades. A transição para uma economia mais verde e sustentável está a criar um terreno fértil para o desenvolvimento de novos negócios. A crescente procura por tecnologias e serviços sustentáveis abre portas para as empresas que estejam preparadas para oferecer soluções nas áreas de energia renovável, gestão de resíduos, recursos naturais e conformidade com os padrões ESG (ambiental, social e de governança). Empresas que invistam em inovação tecnológica e em modelos de negócios sustentáveis poderão conquistar uma vantagem competitiva significativa, especialmente em mercados cada vez mais exigentes quanto à responsabilidade empresarial.
Além disso, a simplificação de processos administrativos, como a contratação de mão-de-obra qualificada e a agilização de processos de licenciamento e análise de candidaturas a fundos europeus (desde que estes sejam colocados no terreno rapidamente), poderá aliviar algumas das pressões enfrentadas pelas empresas. A modernização da administração pública e a maior eficiência nos processos judiciais também podem ajudar as empresas a operar de forma mais eficaz, reduzindo custos e aumentando a competitividade.
Para aumentar a competitividade, será necessário focar em áreas como a reforma fiscal, com a revisão do sistema de IRC, que será essencial para aliviar a carga fiscal sobre as empresas e promover a competitividade sem prejudicar as finanças públicas. A simplificação da contratação de mão-de-obra qualificada será igualmente crucial, permitindo que se atraiam talentos internacionais para enfrentar a escassez de competências no mercado de trabalho.
A redução da burocracia nos processos de licenciamento permitirá que os negócios se tornem mais ágeis, o que, por sua vez, impulsionará a inovação. A celeridade nos processos judiciais também será um fator importante para reduzir os riscos legais e criar um ambiente de negócios mais estável. A aceleração da análise de fundos europeus será outro ponto a ser destacado, pois as empresas precisam de acesso rápido a financiamento para investir em inovação e sustentabilidade.
As empresas em Portugal enfrentam desafios específicos na implementação de práticas sustentáveis. A conformidade com regulamentações ambientais e sociais rigorosas, somada à pressão de produtos importados de fora da União Europeia que não cumprem as mesmas normas, cria um cenário desigual para as empresas locais. A carga financeira necessária para ajustar processos e produtos às exigências de sustentabilidade pode ser um obstáculo significativo.
Para superar esses desafios, é fundamental que a União Europeia e os governos nacionais garantam condições de mercado mais equilibradas, onde todos os concorrentes sigam as mesmas normas ambientais e sociais. O incentivo ao desenvolvimento de tecnologias e serviços sustentáveis, por meio de subsídios e apoio institucional, será essencial para permitir que as empresas se adaptem sem comprometer a sua competitividade.
As empresas têm um papel fundamental na construção de uma economia mais sustentável. A adoção de práticas responsáveis, como a melhoria da eficiência no uso de recursos naturais e a redução das emissões de carbono, é essencial para atingir as metas globais de sustentabilidade. O setor privado que tem um impacto significativo no ambiente, deve liderar a transformação para práticas mais responsáveis.
Por outro lado, o Estado desempenha um papel crucial ao apoiar as empresas que investem na sustentabilidade. Através de incentivos fiscais, apoio a projetos inovadores e a criação de um ambiente regulatório favorável, o governo pode incentivar a adoção de práticas sustentáveis. A colaboração entre o setor público e privado será essencial para garantir a competitividade das empresas e alcançar os objetivos de sustentabilidade a nível nacional e europeu.
A cooperação entre empresas e comunidades locais também oferece uma oportunidade única de promover práticas sustentáveis. A valorização da economia local, preferindo produtos e serviços locais, pode reduzir a pegada de carbono das empresas e gerar benefícios para as populações. Além disso, iniciativas de responsabilidade social empresarial podem fortalecer o relacionamento entre empresas e comunidades, criando um círculo virtuoso de desenvolvimento económico e social.
Com uma nova geração no mercado de trabalho, mais preocupada com a sustentabilidade e a responsabilidade social, as empresas precisam ajustar a sua abordagem para atrair e reter talentos. As gerações mais jovens estão cada vez mais comprometidas com as questões ambientais e sociais, e as empresas que adotarem práticas sustentáveis terão uma vantagem na atração desses profissionais. Além disso, a oferta de condições de trabalho flexíveis e programas de formação contínua será essencial para manter os talentos dentro das organizações.
Em 2025, as empresas em Portugal e na Europa enfrentarão desafios significativos, mas também terão inúmeras oportunidades para se reinventar e prosperar. O sucesso dependerá da capacidade de adaptação às novas exigências de sustentabilidade e da capacidade de inovar para atender às demandas de um mercado em constante transformação. As políticas públicas, a colaboração entre os setores público e privado e a liderança responsável nas empresas serão fundamentais para garantir que a transição para uma economia mais verde e competitiva seja bem-sucedida.
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