
Em busca de coragem: Um hino à Maze
Steven Braekeveldt, ex-CEO da Ageas durante oito anos, encontrou em Portugal uma cultura de responsabilidade, criatividade e cuidado com o todo. Lança a ideia de um “Plano Marshall para o Planeta”.
Os cientistas ainda podem debater o momento exato em que a humanidade entrou no Antropoceno, mas o que é claro é que vivemos agora numa era em que a atividade humana é a força dominante a moldar o nosso planeta. E que força tem sido: criámos progressos outrora inimagináveis. Desde aldeias remotas que passaram a ter acesso à educação através da internet, a cirurgiões que colaboram em tempo real entre continentes, até milhões de famílias que se mantêm ligadas pelo WhatsApp e FaceTime — até a minha sogra de 90 anos acompanha os netos espalhados pelo mundo.
Estamos à beira de mais uma transformação: a Inteligência Artificial. A IA mal deu os primeiros passos e já detém o potencial de remodelar sociedades de forma profunda. A capacidade humana de inovar é extraordinária — e a IA, como todos os progressos anteriores, pode ser uma poderosa ferramenta para o bem.
Claro que a inovação tem custos. Durante décadas, o Clube de Roma e muitos outros lembraram-nos que nenhum sistema é infinito, e que crescimento sem responsabilidade abre fissuras nas fundações. Vemo-las nos oceanos a aquecer, na perda de biodiversidade, no aumento das desigualdades, na escassez de recursos. Estas não são razões para o desespero — são lembretes de que cada escolha importa.
Depois de sabermos, não podemos deixar de saber. E o que sabemos dá-nos a oportunidade de agir.
Nos meus nove anos em Portugal, depois de viver em lugares como Hong Kong, Singapura, México e Bélgica, encontrei algo único: uma cultura de responsabilidade, criatividade e cuidado com o todo.
Portugal é um lugar onde lucro e propósito não são contradições, mas companheiros. Empresas como a Maze1, liderada por António Miguel, são prova disso. A Maze oferece competências, conhecimento e ferramentas para que os negócios cresçam enquanto regeneram o próprio planeta de que depende o seu futuro. Incorporam a ideia de que crescimento e sustentabilidade podem — e devem — caminhar juntos.
O desafio hoje não é falta de conhecimento ou talento. É de escala. Como passar de nichos de inovação para um movimento que defina a identidade económica de uma nação? Portugal já mostrou coragem antes; pode fazê-lo de novo. E, ao fazê-lo, pode inspirar outros pela Europa e pelo mundo fora.
Imaginem se mais CEOs adotassem não apenas o tradicional P&L, mas também um P&L ambiental — um reflexo honesto do que foi retirado e do que foi restaurado. Imaginem se o valor para os acionistas incluísse não só retorno financeiro, mas também resiliência a longo prazo e bem-estar para as próximas gerações. Não se trata de “ou isto ou aquilo”. É de “isto e aquilo”.
Crescimento e cuidado. Lucro e propósito. Inovação e regeneração.
A boa notícia?
As ferramentas, o talento e as oportunidades já existem. O que falta agora é coragem — a coragem de manter a nossa Estrela Polar visível mesmo quando tentações de curto prazo nos querem distrair. A coragem de escalar o que funciona, de investir em empresas como a Maze, de acreditar que Portugal pode tornar-se um polo global de negócios regenerativos.
A História mostra que as sociedades podem mudar rapidamente de rumo quando visão e liderança se alinham. E se Portugal assumisse a dianteira lançando um “Plano Marshall para o Planeta” — não por medo, mas por ambição, criatividade e confiança no seu povo?
Sabemos o que precisa de ser feito. O futuro não é um fardo, é um convite. E Portugal, com o seu talento e a sua coragem, tem tudo o que é necessário para responder a esse convite.
E você?
1 Para total clareza do leitor, não tenho qualquer interesse pessoal na empresa Maze.
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