Estamos a fazer o suficiente?

  • Ana Isabel Trigo Morais
  • 5 Junho 2024

Fazer mais, melhor e de forma diferente implica, forçosamente, um pensamento cada vez mais circular, investir em mais inovação e colaboração, e assumir a cidadania ativa.

É a pergunta que se impõe, hoje, ao celebrarmos o Dia Mundial do Ambiente e tendo como foco aquela que é a missão da Sociedade Ponto Verde.

Genericamente, as embalagens são o único fluxo de resíduos urbanos a cumprir as metas nacionais de reciclagem, mas quando olhamos para o panorama global, ou seja, para todos os resíduos urbanos, o país não cumpre.

Esta situação tem de nos inquietar a todos e leva-nos à resposta que não é desejável: não, não estamos a fazer o suficiente. É preciso acelerar, ter mais ambição e gerar mais ação para mais e melhores resultados.

Se houve ousadia para conseguirmos mudar o status quo instalado em Portugal ao iniciar a recolha seletiva no nosso país em 1996, porque é que agora, quase 30 anos depois, não estamos onde deveríamos estar, com contributos mais significativos para o futuro do Ambiente?

Temos de voltar a ser ousados.

É evidente que ao longo destas três décadas se assistiu a um esforço coletivo para fazer da reciclagem uma rotina. No setor específico das embalagens a inovação colaborativa tem sido, realmente, notável, para fazer evoluir o setor, o que também só pode acontecer em conjunto com os cidadãos, com os municípios e outros parceiros, numa demonstração do compromisso com o Ambiente e as próximas gerações.

O desafio reside, precisamente, na nossa capacidade individual de refletirmos sobre o papel que cada um de nós desempenha nas conquistas coletivas da sociedade.

Porque a reciclagem de embalagens há muito que deixou de ser uma obrigação ou sequer uma questão de opção. É condição indissociável do atual compromisso com a Sustentabilidade e com a prossecução dos ODS da ONU – e aqui creio que são de destacar o ODS 9 (“Indústria, Inovação e Infraestruturas”) e o ODS 12 (“Produção e consumo sustentáveis”).

Fazer mais, melhor e de forma diferente implica, forçosamente, um pensamento cada vez mais circular, investir em mais inovação e colaboração, assumir a cidadania ativa – onde se incluem os cidadãos, as empresas e demais entidades públicas e privadas -, mas também uma maior exigência em relação aos nossos governantes e ao nível de serviço que o sistema presta aos cidadãos.

Só assim será possível continuar a repensar os atuais modelos de produção, ter hábitos de consumo mais responsáveis e inclusivos, e ter melhores níveis de serviço que ajudem a reduzir o desperdício e os resíduos sejam mais entendidos pelo seu valor e com potencial para serem reintegrados na economia.

E porque queremos deixar como legado um Planeta mais “verde” para aqueles que virão depois de nós, significa também educar, capacitar e inspirar as crianças e os jovens a serem agentes de mudança nas suas comunidades.

Hoje, Dia Mundial do Ambiente, pensemos no que temos pela frente para criarmos um futuro ainda mais sustentável.

  • Ana Isabel Trigo Morais
  • CEO da Sociedade Ponto Verde

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