“Inter-Covid”. O que já sabemos. Parte II

Os futuristas falam no momento que nos obriga a (re)imaginar o que somos enquanto sociedade, qual o futuro das nossas relações e até dos modelos económicos.

Apesar do contexto, sim, há quem esteja a olhar para o presente e futuro – com esperança e com as suas oportunidades. Como expliquei na Opinião da semana passada, os Trend Forecasters estão a trabalhar (talvez mais do que nunca na nossa história recente) para nos ajudarem a perceber o que está a mudar após o aparecimento desta pandemia.

No relatório do Future Laboratory, há a chamada de atenção para se quisermos quatro temas que marcam este momento “Inter-Covid”: O vírus acelerou o ritmo da inovação global da medicina, nomeadamente com o aparecimento em tempo recorde da vacina; vai continuar a acelerar a adoção da tecnologia nas nossas vidas e de forma multigeracional; fez da saúde e do bem-estar a grande prioridade do mundo; mundo esse que contaminado por um vírus, se prepara para viver e consumir de forma mais consciente e sustentável.

Olhando para outros setores, começando no Luxo e na Moda, entrámos em 2021 com uma influência de movimentos como o #blacklivesmatter nos statements das grandes Casas (apostando em políticas mais inclusivas e de apoio a comunidades), mas também o tema das alterações climáticas e naturalmente a pandemia. O que se traduz em novos modelos e experiências que estão a surgir (na compra online e física), numa atitude mais consciente por parte de marcas e consumidores, que vai alterar o retalho e a comunicação das marcas. Resiliência, Segurança e Bem-Estar são palavras que fazem parte da postura que tanto o luxo como moda passaram a ter nos seus negócios, num momento em que as oportunidades se desdobram em áreas como o online, o streaming e o gaming, juntando à compra um momento de entretenimento.

Vemos por isso na área do luxo a crescer por exemplo, o Real Estate de luxo no campo; vemos crescer plataformas como a shopshops que permite aos consumidores chineses terem uma experiência de compra online nos Estados Unidos, sem saírem de casa; vemos os Harrod’s a abrirem um Outlet que permite a compra com distanciamento social; ao mesmo tempo que a exclusividade se continua a viver num Chateau Marmont, em Los Angeles, que se está a abandonar o conceito tradicional de hotel para um espaço “members only”. Se quisermos, há um movimento pelo “betterment” do luxo à moda em geral, num “wake up call” que leva estes negócios a repensar todos os canais de venda e fornecedores, a pensar num mundo com menos desperdício e o (re)ropósito dos stocks, com o aparecimento de plataformas que façam dos seus “deadstocks” peças vintage.

Entrando no Retalho a mensagem é clara: depois deste momento Inter-Covid e no mundo pós pandemia, ou seja, no futuro, só ficarão as lojas tecnologicamente avançadas. A tecnologia passou a estar no centro dos negócios desde o primeiro lockdown. É ela que continua a permitir ligações entre marcas e consumidores com a compra online, mas a partir daqui irá evoluir para um ambiente hyper personalizado, com o reconhecimento facial, a realidade aumentada e os QRCodes a darem-nos, por um lado mais informação e experiências diferentes em lojas, e por outro lado, a criarem lojas mais informadas sobre nós, permitindo a tal compra mais customizada. É imaginar, que não é imaginação, lojas equipadas com tecnologia que permite analisar a nossa expressão facial face a um produto…

Já assistimos ao repensar do papel do retalho físico. A H&M por exemplo, está a transformar o papel de algumas das suas lojas para um novo contexto de compra, como se fossem um hub de logística onde se pode fazer a distribuição, a entrega e a devolução de produtos; a John Lewis está neste momento a repensar o negócio para se transformar numa marca digital first e já se fala que as suas lojas serão espaços para serviços sociais e comunitários.

Um contexto de mudança, quando nós próprios também estamos a mudar. A adaptar-nos. Os jovens, os Z’s, são aqueles que mais curiosidade desperta entre quem analisa tendências. Uma geração de futuros consumidores que está a crescer entre vagas de pandemia e que usam o digital como espaço de “self-awareness” e de relação com os outros. Jovens que passaram a olhar para a sala de aulas como um experiências dispersa, e que olham para o gaming como um espaço de ativismo, longe dos tempos em que ganhavam vidas ao matar outros jogadores, os tempos são hoje de heróis digitais, que passam a ganhar vidas ao salvar outras durante o jogo. Há que ser otimista no meio da crise, porque a mudança não tem se der necessariamente má…

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