Na guerra pelos talentos, o segredo está no desenvolvimento e na formação
A formação permite reter os melhores, prepará-los para os desafios futuros e dar-lhes perspetivas de crescimento e evolução na carreira.
No seu recente estudo “Total Compensation Portugal 2023”, a consultora Mercer revela que as saídas voluntárias dos colaboradores já superam os níveis pré-pandémicos, situando-se atualmente nos 10,6%. Além disso, mais de metade (52%) das empresas inquiridas reconhecem uma dificuldade crescente em encontrar mão de obra especializada e em reter talento.
Hoje, mais do que nunca, no topo da lista de preocupações dos CEO está a dificuldade cada vez maior de manter os seus melhores recursos humanos. Como se explica que, em contexto de crise financeira, se decida sair das empresas, muitas vezes para ganhar menos ou por diferenças salariais irrisórias?
Qual guerra corpo a corpo, hoje as empresas encaram uma guerra de talento, santo Gral que se torna a sua vantagem competitiva no mercado. Se, no passado, as empresas apostavam em aumentar salários como a forma mais eficaz de retenção, hoje sabemos que a sustentabilidade financeira das empresas e a carga fiscal não permite grandes voos e, que esta “motivação de dois meses”, não é de todo a arma mais eficaz na guerra do talento. Não é de descurar, mas não é (só) por aí que se vence esta guerra.
A aposta no desenvolvimento e formação é uma arma muito mais certeira e eficaz, sobretudo quando aliada a uma visão estratégica de gestão de talento – as taxas de retenção são mais elevadas e existe uma maior capacitação de resposta aos desafios do mercado, garantindo a sobrevivência, vantagem competitiva e crescimento.
Hoje em dia, vivemos uma realidade sociológica que se traduz por experimentar muitas e diferentes realidades, desafiar e ser desafiado e uma necessidade de estímulo constante. Num mundo que muda a uma velocidade maior que nunca, o talento sabe que o desenvolvimento e aposta na formação é como “pão para a boca”. Mais do que recursos ao serviço de uma empresa, sabem que são uma marca, um produto que precisa de se desenvolver constantemente para se destacar. Só as empresas que criam iniciativas viabilizam esse crescimento conseguem manter por mais tempo o talento por perto.
Na Nova SBE, notámos um impacto significativo no aumento da taxa de retenção como resultado de várias práticas de desenvolvimento, que vão desde a aposta na aquisição de competências de gestão e liderança às competências tecnológicas, cultura de feedback ou planos de desenvolvimento individual.
Crentes de que 90% do desenvolvimento dos colaboradores passa por iniciativas fora da aprendizagem formal, comprovámos que aprendizagem on the job – que contempla as diversas experiências, desafios, resolução de problemas e tarefas, onde se põe em prática as competências – desenvolvem hábitos e formas de trabalho tem um impacto poderosíssimo na organização como um todo.
No fundo, percebemos que a interação com os outros é uma ferramenta extremamente útil, que incentiva uma reavaliação e reflexão sobre o desempenho e progresso de cada um. No entanto, mais importante do que formar, é essencial capacitar o talento de acordo com o plano estratégico da empresa: fazer formação apenas para cumprir as 40 horas anuais/colaborador é um desperdício de recursos e tempo e não irá certamente potenciar a retenção.
Mas será que faz sentido falar em desenvolvimento e formação, num mercado como o português em que 96% das empresas são microempresas, com a grande maioria a receber o salário mínimo nacional? A formação permite reter os melhores, prepará-los para os desafios futuros e dar-lhes perspetivas de crescimento e evolução na carreira.
Se a empresa, quer vingar num mercado competitivo em constante mudança, atrair e reter os melhores, tem de apostar em práticas de desenvolvimento e formação, independentemente da dimensão e dos salários pagos. Estas microempresas devem procurar parcerias e criar sinergias com parceiros e apostar muito em iniciativas de desenvolvimento e formação interno. Caso contrário estará condenada às estatísticas da insolvência. E será que faz sentido apostar tanto no talento que a qualquer momento pode sair? Mais uma vez é um SIM redondo. É um risco que vale a pena correr!
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