Nós, as empresas de energias renováveis, também temos responsabilidades para com o ambiente

  • João Schmidt
  • 5 Junho 2023

São várias as questões em termos dos impactos ambientais e das instalações e é importante começar a analisar qual deve ser o papel dos produtores e distribuidores renováveis para mitigar o impacto.

As metas europeias estão definidas e é certo que, nos próximos anos, os combustíveis fósseis irão perder terreno para as energias renováveis. A neutralidade carbónica é um dos grandes objetivos e, neste sentido, a energia eólica, solar, hídrica e outras alternativas surgem como os meios para atingir este fim. Portugal tem também as suas metas definidas até 2030 e 2050 e perspetivas otimistas de as cumprir ainda antes, não só pelas condições naturais favoráveis – como as horas de sol ou a extensa costa -, mas também pelas políticas e incentivos implementados pelo governo. Só no primeiro trimestre de 2023, Portugal conseguiu produzir 72% da sua energia consumida a partir de fontes renováveis e, atualmente, já é o quarto país europeu com a matriz elétrica menos poluente (segundo dados do Eurostat).

Neste sentido, são vários os projetos de energia renovável a surgir no mercado nacional e cada vez mais as empresas que olham para Portugal como uma oportunidade de investimento e de desenvolvimento sustentável. Contudo, também são várias as questões levantadas em termos dos impactos ambientais e na biodiversidade das centrais/instalações e é importante começar a analisar qual deve ser então o papel dos produtores e distribuidores de energias renováveis para mitigar o impacto da sua atividade.

Atualmente, é imperativo que qualquer empresa apresente políticas de responsabilidade ambiental e social, não sendo aquelas que operam no setor das energias renováveis, exceção. Ainda que sejam a alternativa mais limpa e sustentável quando comparadas aos combustíveis fósseis e a solução para combater as alterações climáticas, é necessário ter consciência de que existem impactos associados – tal como em qualquer atividade humana – e que também essas empresas devem procurar equilibrar os efeitos da sua atividade no meio ambiente e nas comunidades locais.

Existem várias políticas que podem fazer a diferença e garantir que as renováveis têm um resultado positivo a todos os níveis. Uma das principais preocupações é, sem dúvida, o impacto no ecossistema e no território do local da instalação. É necessário garantir que a natureza segue o seu curso natural apesar da presença de painéis solares ou turbinas eólicas, pelo que, atualmente, já é possível criar, nas próprias instalações, abrigos para os animais, colocar bebedouros ou apostar em cercas que permitam a natural circulação, sem esquecer o cumprimento de todas as exigências técnicas e ambientais. Além disso, a aposta em tecnologia também pode ser uma forma de garantir a maior sustentabilidade destes empreendimentos. No caso da energia solar fotovoltaica, apesar de geralmente as centrais estarem localizadas em terrenos rústicos não desenvolvidos, já é possível utilizar painéis de última geração (bifaciais) e ocupar uma menor extensão de área, sem afetar os níveis de produção energética. Do mesmo modo, atualmente, apenas é necessária uma turbina eólica para produzir a energia que há dez anos necessitava de sete destas turbinas. Estes são apenas exemplos de uma área que está em contínuo desenvolvimento e que se espera que abram caminho para que as energias limpas tenham também elas um futuro mais sustentável.

Em conclusão, é importante reconhecer que a produção de energias renováveis também tem impactos ambientais associados, tê-los em consideração e trabalhar para os minimizar. A sustentabilidade deve ser um dos pilares base do negócio do setor, não sendo suficiente seguir cuidadosamente a legislação. É preciso ir mais além para garantir que existe uma convivência harmoniosa entre o ecossistema, as populações locais e as instalações necessárias à atividade e conseguir o desejado futuro “verde”. As energias renováveis devem ser uma solução que impulsiona mudanças positivas do mundo.

  • João Schmidt
  • Diretor de Desenvolvimento de Negócio da Statkraft em Portugal

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