Talvez o PS seja uma nova versão do socialismo democrático aditivado com o populismo de esquerda.

Um PS novo ou um novo PS? Nada parece lógico nestes tempos de incerteza. O PS é um oceano de taticismo e um iceberg de esquerdistas. O PS é um iceberg centrista e um oceano de oportunistas. O que parece estranho é que não se percebe que PS é este que um dia foi o pêndulo do regime e hoje habita uma zona flutuante sem identidade. A identidade do PS é ser anti-direita, anti-fascista, a doença pueril do esquerdismo que um dia infectou o populismo de esquerda. Talvez o PS seja uma nova versão do socialismo democrático aditivado com o populismo de esquerda.

O novo PS ou o PS novo é uma versão “frankenstein” entre o fanatismo à esquerda e o oportunismo ao centro para se tornar uma espécie de “partido institucional revolucionário”. Dominante e dominador, o PS pretende colar-se à sociedade e impor as hierarquias, porque só o PS se pensa democrático e só o PS garante a democracia. Neste desejo político pela hegemonia o PS deixa de ser um partido democrático para se tornar um partido autocrático. Nesta lógica, o país e a direita são os obstáculos entre o poder que o PS respira e a asfixia do deserto político que arde na oposição. Imunes à metadona política, o novo PS e o PS novo estão viciados em poder.

É do domínio político comum que é “mais fácil negociar com um oportunista do que negociar com um fanático”. O PS está hoje nessa zona de ninguém em que pretende ser fanático e oportunista ao mesmo tempo sem vender a alma aos deuses da política. Só que o PS já não tem alma pois o primeiro-ministro Emérito vulgo Costa vendeu-a para garantir o poder numas eleições que afinal perdeu depois de uma “traição”. Este tacticismo oportunista vem mudar a natureza do regime. O PS pai da pátria muda a lógica do regime ao impor uma lógica parlamentar pura à sombra da ética republicana. Esta herança vai permanecer como regra no país político em que os governos de maioria relativa são uma recordação histórica. Na lógica dos grandes blocos políticos o PS pensa ser hegemónico na configuração do regime. O PS acredita no Portugal sociologicamente à esquerda. E a esquerda é o PS e os seus apêndices.

O PS não quer reconhecer que cedo ou tarde haverá uma maioria de direita no Parlamento. Mais cedo do que tarde, o PS irá ser confrontado com o veneno político que injectou na vida democrática do país. Neste cenário provável, poderemos ter o PS fanático com a política do medo e do megafone contra as forças da extrema-direita. Mas também poderemos ter o PS oportunista a negociar uma versão do “entrismo político” para garantir a morte democrática do novo governo e preparar um novo assalto ao poder. Este novo PS de novo não tem nada, a não ser uma versão leninista da política em que o poder é um activo demasiado precioso para ser partilhado em democracia. A não ser que a democracia seja a do PS e o regime uma extensão da clique socialista.

O novo PS tem como fundador o primeiro-ministro Emérito vulgo Costa. Político do curto prazo, político do tacticismo, político que representa o imediatismo da política sem o brilhantismo dos resultados. O valor acrescentado da experiência política serve apenas para revelar a incoerência nos propósitos e a obscura sensação de um grande segredo escondido. Parece ser destino de Portugal ter Primeiros-Ministros falhados que são anunciados na Europa como grandes estadistas continentais. Não governam Portugal, mas são peritos em administrar a burocracia de Bruxelas. O curriculum de administrador público atravessa muitos ciclos na vida política e democrática para no final deixar o legado da duplicidade e das surpresas. E um PS novo de tão velho e aparelhista.

O novo PS leu um livro e não chegou ao fim. O novo PS está “cosido às paredes” do poder e pensa que a política é a agitação permanente – “mais vale feito que perfeito”. Primeiro faz-se, depois logo se vê. O PS novo não faz nem vê. O novo PS, por opção ideológica, apresenta a apologia tecnocrática dos “pobres”. Os “mais desfavorecidos” são o objecto político das injustiças da direita. O novo PS defende os explorados, os oprimidos, os alienados, com a intolerável arrogância de quem instrumentaliza a necessidade para legitimar o poder. O PS é um novo-rico no seio dos velhos pobres. Os pobres são a maior jóia do PS. O que seria o PS num país de gente grande, independente, autónoma e com rendimentos e património ao nível das grandes nações da Europa? O PS seria nada ou seria o que deveria ser.

O novo PS faz lembrar o funcionário que vende bilhetes para um lugar onde nunca foi. No aeroporto, na gare dos comboios, na estação de metro, vende bilhetes mecanicamente e decide que passageiro recebe um mapa ou um guia para o paraíso. Em classe especial, o PS promete preservativos contra a direita e a higiene íntima de um país eternamente à esquerda. Enquanto vende bilhetes para lugar nenhum à esquerda, o novo PS está perdido entre a ilusão e a fantasia.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Novo PS

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião