O capital de risco e as oportunidades da IA generativa

  • Tomás Penaguião
  • 18 Maio 2023

O investimento de capital de risco em IA generativa aumentou de cerca de 400 milhões de dólares em 2018 para 4,8 mil milhões e 4,5 mil milhões de dólares em 2021 e 2022.

O ChatGPT, um interface conversacional baseado em modelos de linguagem natural, atingiu 100 milhões de utilizadores mensais em apenas dois meses, tornando-se a aplicação tecnológica que mais rapidamente chegou a esta marca e ultrapassando, por exemplo, o TikTok ou o Instagram.

Esta plataforma desenvolvida pela Open AI, que já captou mais de 11 mil milhões em investimento da Microsoft, insere-se na categoria de Inteligência Artificial (IA) Generativa – um tipo de IA que envolve a utilização de modelos de aprendizagem automática para gerar novos conteúdos, que podem ser texto, imagens ou áudio, com base em padrões aprendidos a partir de dados existentes.

O desenvolvimento tecnológico observado nesta área tem sido exponencial com o lançamento de múltiplos produtos que visam automatizar, em parte ou na sua totalidade, tarefas do nosso dia a dia, como a produção de conteúdo de texto original, o desenho de marcas e materiais de comunicação ou a escrita de código informático.

Segundo a Goldman Sachs, a IA generativa pode gerar um crescimento de 7% no PIB mundial (quase 7 biliões de dólares) nos próximos 10 anos, com implicações diretas no aumento da produtividade dos trabalhadores, redução do tempo de desenvolvimento de novas tecnologias ou avanços acelerados na área de investigação científica.

Naturalmente, os investidores estão atentos a este movimento. De acordo com o PitchBook, o investimento de capital de risco em IA generativa aumentou de cerca de 400 milhões de dólares em 2018 para 4,8 mil milhões e 4,5 mil milhões de dólares em 2021 e 2022, respetivamente.

Por se tratar de um setor dinâmico, onde todas as semanas saem novos produtos e aplicações altamente disruptivas, é fundamental para os investidores acompanhar os desenvolvimentos de perto e construir uma visão a longo prazo das potenciais aplicações da tecnologia, tanto em novos potenciais investimentos como no atual portefólio de empresas.

Um exemplo de uma das nossas participadas que está a navegar esta tendência é a Didimo, uma startup de avatares humanos digitais para videojogos e entretenimento, que acaba de lançar a Popul8, uma funcionalidade que acelera a produção de jogos, criando centenas de personagens únicas numa fração do tempo e custo habituais, poupando semanas de trabalho às equipas de desenvolvimento.

Apesar dos pontos positivos já mencionados a nível da promoção do crescimento económico ou melhorias na eficiência de processos, a IA tem levantado também muitas questões éticas, para além das associadas à disrupção do mercado laboral. Contudo, todas as revoluções tecnológicas trazem uma necessidade de adaptação e muitas das soluções lançadas até ao momento procuram valorizar as competências e recursos do humano, proporcionando oportunidades de aumento da produtividade e dedicação a atividades de maior valor acrescentado. É fundamental para os profissionais com maior exposição aos avanços tecnológicos nesta área, como os designers, jornalistas e programadores familiarizarem-se, desde cedo, com a utilização destas ferramentas e olharem para elas não como uma ameaça, mas sim como alavancas no seu trabalho.

Enquanto investidores, temos a responsabilidade de avaliar as empresas pela sua relevância no mercado e potencial de crescimento, mas seguindo sempre os valores e parâmetros éticos que nos pautam.

De qualquer forma, as startups não são as únicas a atuar neste espaço. A inovação continua a ser um trabalho a duas frentes. Se, por um lado, as startups têm um olhar mais disruptivo sobre a aplicação desta tecnologia nas diversas indústrias, por outro, as grandes empresas, como a Google ou a Microsoft, têm uma maior estrutura de I&D e capacidade de investimento que é essencial para liderar alguns dos avanços que se têm observado.

A pressão é também maior nestas últimas, já que, caso não tenham capacidade de acompanhamento da inovação observada, podem assistir à perda de competitividade e à disrupção dos seus negócios. Podemos ver o caso particular da Google, que viu surgir na Open AI / ChatGPT e noutras alternativas semelhantes a principal ameaça, em muitos anos, à sua principal linha de receitas, o negócio de search.

Em suma, há ainda muito por descobrir e por ser lançado, não havendo ainda vencedores, nem líderes neste novo mundo. Os investidores de capital de risco estão de olhos postos no mercado e prontos para investir nas equipas e soluções de IA generativa com maior impacto e potencial de escalabilidade.

  • Tomás Penaguião
  • Partner da Bynd Venture Capital

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