O fim (?) da pandemia e o “positive momentum”
Mais do que em qualquer outro momento da atual crise pandémica, sente-se, atualmente, um “positive momentum”
No mais recente survey (30-3-2021) realizado por uma das maiores consultoras mundiais (aqui), que teve por base um inquérito feito a um universo considerável de gestores à escala global, os dados não enganam: o otimismo na recuperação da Economia e do tecido empresarial parece estar a crescer consideravelmente. Mais do que em qualquer outro momento da atual crise pandémica, sente-se atualmente, a nível empresarial, um ‘positive momentum’.
Os dados são impressivos: 50% dos entrevistados acredita que as condições atuais na economia global são melhores agora do que há seis meses (contra 43% no trimestre anterior) e 53% dizem o mesmo sobre a situação nos seus países de origem, sendo a primeira vez que manifestam esta tendência desde março de 2018.
Sobre o futuro, a expectativa e o otimismo são ainda maiores: os entrevistados estão muito mais otimistas agora sobre a evolução da economia mundial do que em qualquer outro momento durante a crise. Cerca de 69% acredita que as condições económicas globais melhorarão, contra 56% da pesquisa anterior. Quando questionados sobre as economias dos seus países, quase três quartos dos gestores esperam melhores condições nos próximos seis meses, contra 56% em janeiro. Segundo os autores deste survey (Alan FitzGerald / Vivien Singer / Sven Smit), este resultado é o que revela o maior número de gestores otimistas desde 2004, ano em que este estudo começou a ser anualmente realizado.
As preocupações com o desemprego também parecem estar a diminuir, em comparação com os últimos meses, quando a maioria dos entrevistados previa um aumento da taxa de desemprego nos seus países. Agora, 43% esperam um declínio do desemprego. A maioria dos entrevistados na Europa ainda prevê um ligeiro aumento do desemprego, mas nos Estados Unidos da América o otimismo é bastante maior: 69% dos entrevistados antevê uma rápida redução nas taxas de desemprego.
A nível do futuro das suas empresas, 63% por cento dos inquiridos acredita que a procura pelos seus produtos e serviços aumentará nos próximos meses, enquanto 65% espera que os lucros das suas empresas aumentem. Há mais de 3 anos que não se via tal expectativa.
Por outro lado, é cada vez maior o número de entrevistados que acredita que as suas empresas estão em vias de recuperar totalmente a sua operação, voltando ao nível da pré-pandemia. Em junho de 2020, quando questionados sobre o prazo para regressar à normalidade, a maior fatia dos inquiridos respondeu que o retorno à normalidade das operações seria de 7 a 12 meses. Agora, nas economias desenvolvidas, 20% dos inquiridos afirma que as suas empresas já voltaram à normalidade, 27% responde que a sua empresa já não sente os efeitos da crise pandémica e 13% afirma que conta estar ao nível pré-crise em 6 meses, ou seja, antes do final de 2021.
Quanto à forma como vão passar a trabalhar, os dados são igualmente claros: a pandemia trouxe efetivamente mudanças na gestão e na cultura das empresas, que vieram para ficar.
De acordo com as respostas dadas, as empresas que já estão a laborar a níveis pré-pandemia introduziram mudanças na sua forma de operação. A mais significativa, como era expectável, é o teletrabalho: o regresso ao trabalho tem sido feito de forma híbrida, sendo a execução da maior parte do trabalho feita virtualmente. Por outro lado, a adoção de tecnologias digitais acelerou e o contacto com os clientes passou maioritariamente a operar digitalmente. Ou seja, as empresas voltaram a laborar com normalidade, mas noutros termos e de outra forma.
Quando perguntados sobre as principais mudanças introduzidas nos seus negócios, há três que despontam: o incremento do trabalho remoto; a diminuição das viagens de negócios; e a redução dos espaços de escritório.
Na linha do que escrevemos há quinze dias atrás, a propósito dos anos 20 do Século XX e das profundas mudanças que o pós-I Guerra Mundial e Gripe Espanhola trouxeram (“Foi assim há 100 anos: depois da crise, welfare, progres and happiness”), tudo parece apontar para uma tendência similar: depois da crise, pode vir a bonança.
Depois do medo e da desilusão, o pós-Covid 19 pode trazer-nos empreendedorismo, inovação, crescimento, felicidade e bem-estar. Falta, é certo, um pequeno – grande – pormenor: a vacinação da população e o fim da pandemia.
Trabalhemos, em conjunto, para lá chegarmos e para aproveitar o ‘momentum’.
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