O trilema da transição energética

  • Armando Oliveira
  • 5 Março 2025

A eficiência energética é um dos pilares fundamentais para alcançar os objetivos climáticos e, ao mesmo tempo, garantir segurança no abastecimento e preços acessíveis.

A 5 de março assinala-se o Dia Mundial da Eficiência Energética, uma data que relembra a urgência de adotar soluções que permitam reduzir o desperdício de energia e mitigar os impactos ambientais do setor energético.

A eficiência energética é um dos pilares fundamentais para alcançar os objetivos climáticos e, ao mesmo tempo, garantir segurança no abastecimento e preços acessíveis para consumidores e empresas. Neste contexto, é inevitável refletir sobre o caminho que estamos a seguir para uma transição energética bem-sucedida.

Hoje, a transição energética assume-se como uma ação imperativa e urgente, para a qual todos somos chamados a contribuir. Para assegurar que essa transição seja justa, inclusiva, equilibrada e sustentável, é crucial equilibrar três fatores essenciais: a segurança do fornecimento, a menor pegada de carbono e a viabilidade económica. Qualquer mudança abrupta pode comprometer o fornecimento e encarecer a energia para cidadãos e empresas, enquanto um ritmo demasiado lento pode atrasar o cumprimento das metas climáticas. Este trilema energético exige soluções práticas e sustentáveis, que garantam uma transição eficiente, progressiva e acessível a toda a sociedade.

Neste sentido, a energia mais amiga do ambiente será sempre aquela que não desperdiçamos. A eficiência energética desempenha um papel crítico na redução de emissões e no alívio da pressão sobre os sistemas energéticos, permitindo avanços concretos sem comprometer a competitividade económica nem sobrecarregar os consumidores. A reabilitação de edifícios, o desenvolvimento de combustíveis renováveis, a mobilidade sustentável e o uso de tecnologias digitais para otimização do consumo são exemplos de medidas que impulsionam ganhos muito significativos de eficiência. De resto, os avanços tecnológicos permitem que a transição ocorra de forma mais progressiva e inclusiva, garantindo que nenhum setor fique para trás.

Ao falarmos da otimização da eficiência energética no consumo, devemos também refletir sobre a própria eficácia de eletrificar determinados tipos de consumo, já que, embora a eletrificação seja um caminho essencial para a descarbonização, a mesma não deve ser encarada como a única solução para todos os setores. Há setores onde a eletrificação é complexa e dispendiosa, como o transporte pesado, a aviação e a indústria química, e onde combustíveis de baixo carbono desempenham um papel fundamental. Os combustíveis renováveis apresentam vantagens inegáveis, pois podem ser usados nos motores atuais sem necessidade de substituição de frotas, têm impacto imediato na redução de emissões sem exigir novas infraestruturas e são complementares a outras soluções, como a eletrificação e o hidrogénio. É essencial que as políticas públicas promovam um quadro regulatório equilibrado, que incentive soluções complementares e evite a imposição de tecnologias únicas. A transição energética será bem-sucedida apenas se for inclusiva e acessível a todos.

A solução para uma transição energética justa exigirá uma resposta igualmente tripartida, que equilibre inovação, pragmatismo e responsabilidade. A urgência climática é inquestionável e as soluções devem ser equilibradas e viáveis. A eficiência energética e a diversificação das fontes de energia são os caminhos mais rápidos e eficazes para atingir metas ambientais sem comprometer o abastecimento nem encarecer a energia. O Dia Mundial da Eficiência Energética deve servir como ponto de reflexão e apelo à ação para que governos, empresas e cidadãos adotem medidas concretas que promovam um consumo mais racional e sustentável. Uma transição bem-sucedida é aquela que protege o planeta, sem deixar ninguém para trás.

  • Armando Oliveira
  • Administrador-delegado da Repsol Portuguesa

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