Redefinindo a Proteção através de Seguros Integrados
João Madureira Pinto, CGO da Habit, justifica como os seguros integrados em produtos e serviços usados por pessoas no dia-a-dia podem influir decisivamente no futuro da indústria.
A forma como as pessoas interagem com os seguros está a evoluir a um ritmo sem precedentes. Já se foi o tempo em que o seguro era visto como um produto independente – complexo, demorado e muitas vezes desconectado da vida e das atividades dos clientes. Hoje, assistimos a uma mudança transformacional: já não se compram seguros; eles estão incorporados. Esta mudança não visa apenas simplificar o acesso; trata-se fundamentalmente de redefinir como, quando e onde o seguro agrega valor.
No centro desta revolução está o seguro integrado (embedded insurance), um modelo que integra o seguro diretamente nos produtos e serviços que as pessoas utilizam todos os dias. Seja a reservar uma viagem, comprar um carro ou telemóvel, ou a aderir a uma subscrição de um serviço, os clientes agora esperam uma proteção sem atritos, relevante ao contexto e adaptada às suas necessidades. Esta integração perfeita não apenas aumenta a conveniência – ela cria novas oportunidades para as empresas fidelizarem os seus clientes, inovarem as suas ofertas e aumentarem os fluxos de receita.
Esta abordagem é projetada para fazer do seguro:
- Conveniente: entregue quando e onde for mais relevante para o cliente;
- Contextual: adaptado ao produto ou serviço específico que está a ser adquirido, abordando os riscos associados;
- Transparente: com atrito mínimo para o cliente, com a compra muitas vezes a exigir apenas um clique ou nenhuma ação.
Tipos de seguro incorporado: chegar aos clientes onde eles estão!
O seguro integrado pode assumir diversas formas, adaptadas para atender às diversas jornadas dos clientes.
A escolha da abordagem adequada dependerá de:
- Comportamento do cliente: preferência por conveniência ou personalização;
- Ambiente regulatório: algumas geografias restringem mecanismos de opt-out;
- Plataforma parceira: as capacidades digitais ou operacionais do parceiro do ecossistema;
- Complexidade do produto: abordagens simplificadas (verdadeiramente incorporadas) funcionam melhor para produtos de baixo custo e baixo risco, enquanto a adesão pode ser melhor para coberturas complexas.
Cada abordagem tem o seu papel no alinhamento da distribuição de seguros com as necessidades dos clientes, reduzindo o atrito e maximizando as taxas de conversão.
Do papel ao digital: a evolução do seguro integrado
O conceito de incorporação de seguros não é inteiramente novo, mas evoluiu significativamente na sua aplicação e sofisticação ao longo do tempo. Dos processos manuais desajeitados do passado aos ecossistemas contínuos de hoje, o seguro integrado percorreu uma jornada notável de reinvenção.
O seguro integrado passou de uma tática manual de upsell para uma abordagem integrada e orientada pela tecnologia que capacita os clientes e cria novas oportunidades para as seguradoras e para os seus parceiros. É uma história de evolução – desde formulários em papel até ecossistemas digitais.
O futuro é brilhante
Este modelo vai crescer significativamente, impulsionado pela alteração dos comportamentos dos consumidores, pelos avanços tecnológicos e por parcerias inovadoras:
- Até 2030, os seguros incorporados poderão contribuir com até 20% das vendas globais de seguros, o que equivale a aproximadamente 3 biliões de euros em GWP, de acordo com o Open & Embedded Insurance Observatory;
- Poderão gerar 500 mil milhões de euros em prémios de novos negócios, ao dar resposta às necessidades dos consumidores atualmente não satisfeitas (p.e. mobilidade, gig economy e coberturas on demand);
- Os produtos destinados a mercados sub-penetrados (por exemplo, segmentos de baixos rendimentos, consumidores que priorizam o digital) serão os principais impulsionadores – colmatando o protection gap;
- Incorporar seguro nas jornadas de compra aumenta as taxas de conversão em até 5 a 10 vezes, em comparação com vendas de seguros independentes;
- Prevê-se que o mercado de seguros integrados tenha um CAGR de 20-25% durante a próxima década, ultrapassando os seguros tradicionais.
Ao olharmos para o futuro do seguro integrado, fica claro que não é apenas uma tendência – é uma revolução na forma como pensamos sobre proteção.
O seguro integrado provou ser capaz de remodelar indústrias, melhorar as experiências dos clientes e desbloquear novos fluxos de receitas para todos os intervenientes. Mas o seu verdadeiro poder reside em algo ainda mais profundo: o seu potencial para fazer uma diferença real onde é mais importante.
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