Se eu fosse acionista da Sonaecom não vendia já as ações

Os 2,50 euros que a Sonae oferece pelas ações da Sonaecom que ainda não controla é um preço muito baixo. Não sou eu que o digo, é o mercado.

Desde 22 de dezembro, logo na sessão seguinte ao anúncio preliminar da oferta, que os títulos da Sonaecom têm estado a negociar constantemente acima desse preço. Chegaram, inclusive, a negociar por 2,71 euros – e ontem encerraram a sessão nos 2,53 euros.

Além disso, a oferta da Sonae apresenta também um desconto de cerca de 40% face ao seu valor contabilístico. Considerando que o valor contabilístico de uma empresa traduz o valor dos seus capitais próprios, ou seja, a soma de todos os seus ativos subtraído pela totalidade das suas dívidas, a Sonae está disponível a pagar, grosso modo, apenas 40% dos capitais próprios da empresa.

Do ponto de vista destes indicadores, faz todo o sentido a Sonae subir o preço da operação pública de aquisição (OPA) sobre os títulos da Sonaecom que foi registada na CMVM a 14 de março. Será que o vai fazer? É difícil de antever.

No entanto, se até 14 de abril, último dia da OPA, a Sonae vir que a oferta não está a ter a procura esperada pelos pequenos acionistas e continuar interessada em retirar a empresa de Bolsa, como já expressou por várias ocasiões, terá de subir o preço para conseguir persuadir os investidores que têm em sua posse as ações da Sonaecom que lhe faltam para conseguir assumir o controlo total da empresa como deseja.

É certo que a probabilidade de a operação falhar é muito reduzida. Afinal, a Sonae necessita de adquirir apenas 4,1 milhões de ações, cerca de 1,315% do capital, para alcançar os 90% do capital social da Sonaecom com direitos de voto e com isso lançar uma aquisição potestativa. Dando-se esse episódio, os pequenos acionistas que não aceitarem as condições da oferta terão de entregar as ações à Sonae e receber em troca o preço da OPA geral.

O risco de manter as ações até ao último dia é por isso muito reduzido: na pior das hipóteses, aqueles que forem pacientes irão receber o preço da oferta ou então podem sempre vendê-las na Bolsa até 14 de abril, caso a cotação se mantenha acima do preço da oferta, como tem acontecido.

A outra situação com que os pequenos acionistas se deparam, caso não aceitem a oferta da Sonae e a OPA não se concretize, é ficarem na mesma. Isto é, caso a operação não tenha o desfecho há muito anunciado, com a Sonae a conseguir retirar a Sonaecom de Bolsa, os investidores continuam titulares das ações da Sonaecom na esperança que a Sonae volte, no futuro, a lançar uma nova oferta. Algo que a suceder também não seria novidade.

Recorde-se que em 2014 a Sonaecom tentou adquirir a posição dos acionistas minoritários para retirar a empresa de Bolsa, mas não foi bem-sucedida na sua totalidade. Agora o grupo Sonae volta a tentar. E isto acontece no seguimento de outras operações do género com sucesso promovidas pela equipa de gestão da equipa de Cláudia Azevedo, que desde que assumiu a liderança da empresa em julho de 2018 já retirou de Bolsa a Sonae Indústria e a Sonae Capital.

Texto incluído na edição de 21 de março do Portefólio Perfeito que pode subscrever através deste link.

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