No Dia Mundial da Poupança, o ECO foi à escola aprender a poupar com os mais novos. Entre dinheiro gasto em gomas, chocolates e telemóveis, também sobram alguns tostões para o mealheiro.
É o Dia Mundial da Poupança. Para poupar, é preciso saber fazê-lo, mas ninguém nasce ensinado. Por isso, cabe, muitas vezes, às escolas prepararem os mais pequenos para saberem lidar com o dinheiro, mas também para a importância de amealhar alguns tostões. A educação financeira está nas salas de aula e começa a dar frutos. “Eu costumo poupar”, diz Raquel, aluna da Escola EB 2,3 Fernando Pessoa. Mas nem tudo vai para o mealheiro… há pecados a que não resiste.
“Nunca consigo poupar em chocolates. Adoro chocolates”, confessa Raquel. “Contando com as gomas ali no quiosque, gasto à volta de cinco euros por mês“, confessa, explicando que recebe cerca de dez euros de mesada, mais o dinheiro que os pais lhe dão todas as semanas para almoçar, que também “inclui o dinheiro das gomas”. Com 13 anos, costuma poupar quando quer “mesmo muito comprar alguma coisa”, no entanto, nem sempre é fácil porque não tem muito controlo, conta ao ECO.
"É uma iniciativa para consciencializar a população através dos mais jovens para a importância de planear financeiramente a vida, de forma a, por um lado, maximizar as escolhas, quer quando se está confrontado com necessidades, quer quando se está confrontado com desejos, quer quando se está confrontado com contingências.”
“Pensa bem antes de gastar e, se achares que não se justifica gastar, não gastes”. Não é um conselho da Raquel, mas sim de Carlos Costa, o governador do Banco de Portugal que visitou a EB 2,3 Fernando Pessoa no âmbito da Semana da Formação Financeira, isto quando se celebra o Dia Mundial da Poupança. Carlos Costa, Gabriela Figueiredo Dias, presidente da CMVM, e João Almaça, presidente da ASF, bem como João Costa, secretário de Estado da Educação, foram aos Olivais incitar à importância da poupança.
Esta é uma iniciativa para “consciencializar a população através dos mais jovens para a importância de planear financeiramente a vida, de forma a, por um lado, maximizar as escolhas, quer quando se está confrontado com necessidades, quer quando se está confrontado com desejos, quer quando se está confrontado com contingências”, salientou Carlos Costa.
O papel desempenhado pelas escolas na formação financeira é algo que Gabriela Figueiredo Dias, presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), defende ser ainda insuficiente. “Há muito trabalho a fazer. Acho que, até agora, não tem havido uma aposta suficientemente forte na formação e na educação das crianças nessa dimensão, que começa em casa e que acaba em casa. Portanto, isto é só um impulso que devem ser depois as próprias crianças a dar, muitas vezes, nas próprias famílias”.
Obviamente que as crianças são o futuro, e Gabriela Figueiredo Dias confia “absolutamente” nelas. A líder da CMVM acredita que as crianças de hoje serão uma “geração muito melhor”, tendo em conta que são “cidadãos do mundo”, coisa que não havia há uns anos, o que lhes permite uma perceção do mundo bastante mais ampla. “Vão ser seguramente uma geração muito melhor”, remata.
“Se queremos apostar no desenvolvimento temos de começar por apostar nas crianças, nos adolescentes, nos jovens que já estão na universidade e transmitir-lhes claramente quais são os fatores que condicionam o desenvolvimento futuro do país. Porque só eles é que podem assegurar esse mesmo desenvolvimento”, remata Carlos Costa.
Poupar? “É não gastar em coisas que não precisamos”
“Poupar é aumentar os graus de liberdade no futuro”, disse, ao ECO, Carlos Costa no Pavilhão do Risco — os pavilhões da escola dos Olivais foram divididos por áreas – Orçamento, Moeda, Risco, Poupança e Sistema Financeiro, encontrando-se em cada um várias atividades e jogos no âmbito da educação financeira. E nesta EB 2,3 até aulas com professores especiais havia, mas não pontuais. Aumentava cada vez mais a ansiedade na cara dos pequenos aprendizes à medida que os minutos passavam depois do toque de entrada.
A ansiedade da Raquel era denunciada pela sua folia e pela rapidez com que contava as atividades que já tinha feito. Eleita pelas amigas para falar, por ser a mais desinibida, Raquel, a amante de chocolates e gomas, também se diz capaz de poupar, se for no que realmente lhe interessa. “Se eu quisesse comprar alguma coisa que eu desejasse há muito tempo e recebesse uma mesada, eu pouparia essa mesada até conseguir o dinheiro para conseguir comprar o que eu queria”, conta.
Uns degraus acima, no auditório, e com quase uma hora de atraso para a palestra marcada, o ECO encontrou o Joaquim e o Henrique, sentados à espera, impacientes. Com 11 anos, os dois alunos ainda não percebiam muito bem o que se estava a passar, ou então estavam demasiado nervosos para conseguir explicar.
"Se eu quisesse comprar alguma coisa que eu desejasse há muito tempo e recebesse uma mesada, eu pouparia essa mesada até conseguir o dinheiro para conseguir comprar o que eu queria.”
“É um dia de atividades de educação financeira. Querem ensinar-nos a poupar”, diziam, antes de confessarem que gastavam muito dinheiro em… telemóveis. “Já tive três”, revelou Joaquim. Apesar do dinheiro gasto em telemóveis aos 11 anos, os dois amigos atiram que o truque para poupar é “não gastar em muita coisa, principalmente em coisas que não precisamos”.
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“Eu poupo… só não consigo poupar em chocolates”
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