Analistas sobem pela primeira vez estimativas para as ações europeias

Pela primeira vez desde, em 2006, uma sondagem da Bloomberg aponta para uma melhoria das estimativas dos analistas para o Stoxx Europe 600 no final do ano.

Pela primeira vez desde que, no ano passado, a Bloomberg começou a compilar targets para o final de 2016, os analistas subiram as suas estimativas para o nível a que o Stoxx Europe 600 – índice que agrega as 600 maiores capitalizações bolsistas europeias – deverá terminar o ano. A média de 10 previsões compiladas, em setembro, pela agência de notícias aponta para que o índice finalize o ano de 2016 nos 346 pontos, acima da estimativa de 334 pontos avançadas no mês anterior.

Naquele que é o segundo dia consecutivo de ganhos para as ações europeias, o índice negoceia em torno dessa fasquia, influenciado pela atual postura conservadora no que respeita à política monetária da Reserva Federal (Fed) dos EUA. O Stoxx Europe 600 avança 1,55%, para os 347,77 pontos. As garantias de que a instituição liderada por Janet Yellen irá continuar a ser generosa, suportando o crescimento económico, tem apoiado a progressão dos mercados nas últimas duas semanas. Já esta quarta-feira foi a vez do Banco do Japão mudar o foco do seu programa de estímulos, da expansão monetária para o controlo das taxas de juro, enquanto a Fed travou as suas projeções no que respeita ao ritmo de subida dos juros.

Perspetivas para as ações europeias

O que travou as ações e o que esperar

Este suporte global é uma boa notícia para a Europa, tendo em conta os dados económicos que têm falhado as estimativas. O índice bolsista de referência europeu prepara-se para terminar a semana com o melhor desempenho dos últimos dois meses, mas apresenta ainda assim um desempenho negativo no acumulado o ano. Desde o início do mês de janeiro, o Stoxx Europe 600 caiu mais de 5%. “As coisas estão melhores, mas não excelentes”, afirmou Charles de Boissezon, co-responsável pela equipa de ações europeias do Société Générale. “Os bancos centrais continuam a tentar minimizar os choques no mercado. O momento económico é bom, os receios de deflação recuaram, e vemos alguns sinais de alívio da política orçamental. Algumas preocupações estão a diminuir, mas ainda existem receios no horizonte”, especificou o responsável do banco de investimento francês.

"Os bancos centrais continuam a tentar minimizar os choques no mercado. O momento económico é bom, os receios de deflação recuaram, e vemos alguns sinais de alívio da política orçamental. Algumas preocupações estão a diminuir, mas ainda existem receios no horizonte”

Charles de Boissezon, co-responsável pela pela equipa de ações europeias do Société Générale

Apesar da revisão em alta da média das estimativas dos analistas verificada este mês, estas apontam para que o índice europeu encerre o ano com perdas superiores a 5%. A confirmar-se este cenário tratar-se-á da primeira vez que tal acontece desde a crise financeira. Em 2011, o Stoxx Europe 600 fechou o ano com uma desvalorização superior a 11%.
Os mercados europeus do Velho Continente têm sido afetados por vários eventos negativos ao longo do ano. Para além dos receios em relação à eficácia da ações do Banco Central Europeu (BCE) no sentido de fazer a economia europeia descolar, os investidores tiveram de enfrentar a crise do setor bancário italiano, bem como as tensões relacionadas com a vitória do Brexit no referendo de junho, o que afastou os investidores dos fundos que apostam no mercado acionista europeu. O rumo parece ser agora contrário. O Bank of America, por exemplo, sinalizou na semana passada, a 32ª semana consecutiva de subscrições positivas nos seus fundos.

Desde o mínimo que se seguiu ao referendo no reino Unido, o Stoxx Europe 600 já valorizou 12%, ao mesmo tempo que os analistas começam a refrear o sentimento negativo em relação aos resultados empresariais das cotadas europeias. As ações europeias estão atualmente avaliadas a cerca de 15 vezes as suas estimativas de resultados, estando assim mais baratas quando comparadas com as pares do índice norte-americano S&P 500 e com o global MSCI All-Country, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“O que é bom acerca da Europa é que não está cara e há a possibilidade dos resultados superarem as expectativas”, afirmou Pierre Mouton, gestor de fundos da suíça Notz, Stucki. E acrescentou: “Os estrategas estão provavelmente a ficar menos pessimistas, com uma boa parte das más notícias a fazerem já parte do passado”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Analistas sobem pela primeira vez estimativas para as ações europeias

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião