Juros portugueses lideram queda na Europa

Sessão de alívio no mercado de dívida na Zona Euro e são os juros portugueses os que mais recuam. Taxa da dívida a 10 anos já caiu mais de 30 pontos base em apenas uma semana.

Aos poucos, a tensão no mercado secundário de dívida nacional vai dando lugar à normalização dos juros. Há uma semana, os juros atingiram máximos de nove meses, com a taxa das obrigações a dez anos a tocar os calcanhares da fasquia de 4%, o que motivou a preocupação do Governo português. Agora, na sessão desta quinta-feira, a mesma taxa cedia para 3,574%. Ou seja, no espaço de uma semana, houve uma correção de mais de 30 pontos base.

Comparando com os pares europeus, a tendência de alívio nos juros portugueses era a mais evidente na região. A yield implícita nas obrigações a cinco anos recuavam para 2,124%, cedendo de máximos de cinco meses. Mas os juros nacionais desciam em todos os prazos.

Juros a 10 anos em forte queda

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Fonte: Bloomberg (valores em percentagem)

Em Espanha, Itália e Alemanha, as taxas também desciam, mas num tom mais ligeiro. A yield da dívida a 10 anos da Alemanha recuava dois pontos base para 0,242%. Nos casos espanhol e italiano, as mesmas taxas de referência cediam seis pontos base para 1,538% e 2,052%, respetivamente.

Portugal foi esta quarta-feira ao mercado pela última vez este ano e pagou mais para emitir dívida a cinco anos, em virtude do agravamento precedente das taxas em mercado secundário na sequência da eleição de Trump para a Casa Branca. A expectativa de elevada inflação nos EUA fez disparar os juros das Treasuries, levando a uma onda vendedora dos mercados obrigacionistas globais.

“O resultado das eleições norte-americanas colocou as obrigações sob pressão, alargando os spreads dos juros periféricos face à Alemanha. Tem sido negativo para as obrigações portuguesas até agora”, dizia esta semana David Schnautz, do Commerzbank, ao ECO.

A descida dos juros em Portugal está a ter impacto positivo na bolsa portuguesa, que subia 0,45% para 4.447,35 pontos. “Embora de forma volátil, nas últimas sessões tem-se assistido a um recuo das yields nacionais mesmo perante um novo incremento das suas congéneres americanas. Este padrão poderá dar algum alento as ações mais sensíveis às taxas de juro como a EDP, a EDP Renováveis, a REN, entre outras”, diziam os analistas do BPI.

“A curto prazo, as obrigações portuguesas continuarão a ser influenciadas pelo comportamento das taxas de juro italianas, que dependem da perceção que os investidores internacionais têm em relação às hipotéticas consequências do referendo constitucional do dia 4 de dezembro”, referiram ainda.

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