Portugal deverá pagar mais de 2% no leilão
É a última venda de dívida do ano. Mercado antecipa aumento dos custos de financiamento de Portugal no leilão que o IGCP realiza esta quarta-feira, fruto da recente turbulência nos juros da dívida.
Portugal deverá pagar uma taxa de juro média entre os 2,1% e os 2,2% quando esta quarta-feira o Tesouro português for ao mercado pela última vez em 2016 tentar levantar obrigações do Tesouro a cinco anos, num montante entre os 500 e os 750 milhões de euros.
Os custos de financiamento do Estado português deverão assim agravar-se face ao último leilão comparável, realizado a 26 de outubro, em que Portugal pagou um juro médio de 1,751% — no leilão anterior pagou um juro de 1,87% — para angariar 1.000 milhões de euros.
“As avaliações nos mercados secundários têm estado voláteis nos últimos dias, especialmente nas obrigações portuguesas. Um juro entre 2,1% e 2,2% parece-me mais provável amanhã”, adiantou ao ECO o analista do Commerzbank, David Schnautz. “O resultado das eleições norte-americanas colocou as obrigações sob pressão, alargando os spreads dos juros periféricos face à Alemanha. Tem sido negativo para as obrigações portuguesas até agora”, acrescentou.
As avaliações nos mercados secundários têm estado voláteis nos últimos dias, especialmente nas obrigações portuguesas. Um juro entre 2,1% e 2,2% parece-me mais provável amanhã. O resultado das eleições norte-americanas colocou as obrigações sob pressão, alargando os spreads dos juros periféricos face à Alemanha. Tem sido negativo para as obrigações portuguesas até agora.
Depois das eleições norte-americanas, os juros da dívida portuguesa escalaram para máximos de nove meses, acompanhando a tendência de agravamento das taxas nos outros países. Tudo por causa das expectativas da inflação nos EUA com o plano orçamental que o republicano vai introduzir na maior economia do mundo, que vai levar a Reserva Federal norte-americana a subir os juros já em dezembro.
Mas a implicação da eleição de Trump para a Casa Branca não se vai refletir apenas no aumento dos custos de financiamento. Aliás, de acordo com Tiago da Costa Cardoso, gestor da corretora XTB, os resultados eleitorais norte-americanos já terão condicionado o IGCP, organismo que gere a dívida pública, na sua última ida ao mercado de dívida de 2016. O mercado esperava um double-tap, isto é, dois leilões no mesmo dia, com a inclusão de uma linha de obrigações a dez anos no leilão.
Juros a 5 anos aliviam depois de escalada
“A gestão da dívida leva a que haja uma sensibilidade maior face a certos fatores e neste momento, com estas subidas acentuadas dos juros, não é de todo uma boa ideia haver um leilão de longo prazo. Considero que o que faz mais sentido seja aguardar pela resolução do referendo de Itália e o suavizar da subida da dívida norte americana para que se retomem os leilões a dez anos”, justificou o responsável.
David Schnautz, que antecipou a turbulência no mercado de dívida português por causa deste leilão, acredita que o Tesouro não terá muitas dificuldades em colocar o montante máximo pretendido. “Com títulos acima de 4,5 anos e um juro de 2%… isso deve inspirar a procura por uma oferta tão pequena“, explica o estratego de rendimento fixo do Commerzbank. “O tom firme das obrigações portuguesas desde o final da segunda-feira também dá suporte. Espero um leilão suave”, reforçou.
A gestão da dívida leva a que haja uma sensibilidade maior face a certos fatores e neste momento, com estas subidas acentuadas dos juros, não é de todo uma boa ideia haver um leilão de longo prazo.
Por isso, tanto Schnautz como Costa Cardoso referem que um bom leilão de fecho de ano será mais ou menos este: estabilidade na taxa de juro a pagar aos investidores para comprar dívida portuguesa na extremidade superior do intervalo indicativo, “especialmente porque o intervalo é bastante baixo”
“Um leilão positivo será qualquer colocação que não envolva uma subida muito acentuada do juro. À partida, tendo em conta toda a envolvente macroeconómica, não será de estranhar que possa existir uma subida maior dos juros. Portanto, qualquer subida que não seja demasiado agressiva pode sempre ser considerada uma colocação normal”, resume o gestor da XTB.
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