Bancos espanhóis têm de provisionar mais 2.000 ME para devolver dinheiro cobrado injustamente
Os bancos espanhóis preparam-se para constituir novas provisões de 2 mil milhões de euros para fazer face a futuras reclamações por terem cobrado custos excessivos aos clientes com crédito hipotecário
Isto acontece depois de, na quarta-feira, o Tribunal de Justiça da União Europeia ter decidido contra a retroatividade das chamadas cláusulas ‘suelo’, que impedem os clientes de crédito hipotecário de beneficiarem da diminuição das prestações bancárias pela queda das taxas Euribor a partir de determinado nível.
Apesar de ainda não se conhecer a fatura total, algumas entidades já fizeram as suas estimativas e deverão dotar-se com mais de 2.000 milhões de euros para fazer face a devoluções a clientes.
O CaixaBank (acionista principal do banco português BPI) deverá ter o maior esforço financeiro, faltando mais 735 milhões de euros às provisões de 515 milhões já existentes, num total de 1.250 milhões de euros. Já a fatura final para o Banco Popular pode ascender a 639 milhões de euros, dos quais faltam provisionar 334 milhões.
No caso do Banco Sabadell (que recentemente deixou de ser acionista do BCP), este diz que a sentença não afeta “de forma direta” as suas cláusulas ‘suelo’, mas analistas estimam que pode custar-lhe cerca de 600 milhões de euros, dos quais já tem reservados 350 milhões de euros, pelo que faltam 250 milhões.
Já o BBVA, que se viu obrigado a eliminar as cláusulas ‘suelo’ em maio de 2013, deverá pôr de lado 404 milhões de euros para devolver dinheiro a clientes. O Bankia estima que o custo será de 214 milhões, dos quais já dotou as provisões de 114 milhões, pelo que faltam 100 milhões. No Liberbank o impacto pode ser de 208 milhões de euros, faltando provisionar 83 milhões de euros, já que há 125 milhões de euros já inscritos. A Unicaja já tem de lado 150 milhões de euros, mas este grupo bancário não diz qual poderá ser a fatura total.
Tendo em conta estes dados, estas entidades têm de se dotar de mais 2.000 milhões de euros para devolverem aos clientes o valor cobrado a mais pelas cláusulas incluídas pelos bancos na maioria dos contratos de empréstimo hipotecário que colocavam uma taxa de juro mínima que o cliente devia pagar, impedindo que beneficiasse da queda das taxas Euribor, que caíram de forma significativa nos últimos anos e negoceiam mesmo em terreno negativo.
Contudo, o valor ainda pode aumentar já que há mais entidades bancárias que comercializaram cláusulas ‘suelo’, como Kutxabank, Abanca, Ibercaja, Banca March, BMN e várias caixas bancárias rurais.
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