O momento de ouro da joalharia portuguesa

São quase 500 mil euros em fundos comunitários que as PME portuguesas que trabalham no setor da ourivesaria têm para se internacionalizarem e desenvolver novos modelos empresariais.

Um presente perfeito? Uma joia. Simboliza tanto… para quem oferece, mas também para quem recebe. E será assim em quase todo o mundo. O difícil é escolher.

Mas para poder integrar o leque de opções é preciso estar no sítio certo. É isso que a joalharia portuguesa tem tentado fazer. Conquistar novos mercados, com novas propostas e talentos.

O esforço vai continuar. Entre dezembro deste ano e novembro de 2018, a Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal (AORP) está a lançar a segunda fase do “Portuguese jewellery – Shaped with love”. Um projeto que visa aumentar as exportações, a competitividade e o crescimento deste setor dito tradicional.

Tradição, mas com inovação. Inovação nas peças, no design, mas também na abordagem aos mercados. O ponto de viragem, pelo menos o mais visível para o público em geral, foi a campanha de promoção internacional da joalharia nacional protagonizada pela atriz e modelo Milla Jovovich.

Os resultados não se resumem a anúncios glamorosos que enchem as páginas das melhores revistas de moda, ou um vídeo, produzido por uma equipa 100% nacional, mas que mostra bem que Portugal está a dar cartas.

Legenda: Vídeo da Campanha Internacional de Promoção da Joalharia Portuguesa. A direção criativa ficou a cargo da Dsection Creative, e a produção da Snowberry. A fotografia é da autoria de Frederico Martins e o vídeo tem a assinatura da Tiago Ribeiro.

Os resultados são também um aumento das exportações. “Os resultados das ações desenvolvidas foram muito positivos, resultando num crescimento das taxas de exportação a máximos históricos“, disse, ao ECO, Fátima Santos, secretária-geral da AORP. A meta é, dentro de cinco anos, as vendas ao exterior atingirem os 150 milhões de euros. Desde 2008, as exportações já aumentaram 500%, precisa a associação.

Mas também há resultados “intangíveis”, como uma maior capacitação das empresas para a abordagem aos mercados externos e o reforço da notoriedade e posicionamento da marca Portuguese Jewellery“, explica Fátima Santos, algo que terá “efeitos a médio/longo prazo”.

O primeiro projeto conjunto de internacionalização iniciou-se em 2015 e abrangeu 45 empresas. Mas há mais. Até 25 de novembro, as empresas interessadas em participar podiam entregar as suas candidaturas. Ainda não há resultados, sublinha Fátima Santos, mas há a promessa de duplicar a participação em ações internacionais — vão passar de 21 para 49. “Este aumento representa também uma diversificação dos mercados-alvo”, explica a secretária-geral da AORP, especificando que Singapura, Japão e Austrália vêm juntar-se à Alemanha, Polónia, Espanha e Reino Unido, já considerados como mercados tradicionais, mas também ao Brasil, Colômbia, Emirados Árabes Unidos, EUA, Hong Kong e Itália, os seis mercados não tradicionais que foram abordados pela associação.

Fátima Santos revela que “as candidaturas ainda estão a ser avaliadas, mas, até ao momento, este é o projeto com a maior adesão de sempre”. Com este concurso as empresas têm acesso a financiamento, a fundo perdido, de parte dos investimentos, numa taxa máxima de 50%.

Até 2018, a associação tem 472,79 mil de euros de fundos comunitários para apoiar as PME portuguesas a desenvolver novos modelos de negócio e apoiar a internacionalização. Uma verba que soma aos 962 mil de euros de apoio de Bruxelas que teve o programa de internacionalização em vigor entre 2015 e 2016 — um programa que tinha uma dotação de 1,85 milhões de euros. Foi ao abrigo deste incentivo que pequenas empresas como a Eleutério, de Travassos, Póvoa do Lanhoso, cuja tradição familiar na filigrana remonta a 1925, renovaram a imagem, métodos de produção, e estratégias comerciais.

Fátima Santos conclui que “este é o momento de ouro da joalharia portuguesa”. E, por isso, tem a convicção que 2017 “será o ano da grande afirmação para a joalharia portuguesa no mundo”.

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