Como trabalhar menos pode ajudar a economia
Na última sexta-feira de cada mês, as empresas deverão permitir aos empregados sair mais cedo para poderem divertir-se e... gastar mais.
O país que criou a palavra “karoshi”, que significa “morte por excesso de trabalho”, quer que as empresas permitam que os funcionários terminem o expediente mais cedo na última sexta-feira de cada mês, para que possam sair e divertir-se.
Na tentativa de limitar a carga horária de trabalho excessiva e estimular o consumo, o governo japonês e vários grupos empresariais acabam de lançar a campanha “Sexta-feira Premium”, que deverá entrar em funcionamento a 24 de fevereiro.
Embora não se saiba quantas empresas vão participar na iniciativa, o maior grupo empresarial do país, Keidanren, escreveu às mais de 1.300 empresas que integram o grupo para estimular a participação.
Um sinal do quão difícil é modificar os hábitos de trabalho do Japão é que até o próprio Ministério da Economia, do Comércio e da Indústria (METI, na sigla em inglês), a trabalhar na ideia, ainda não decidiu se os seus trabalhadores poderão aderir. No entanto, o ministro do METI, Hiroshige Seko, disse: “Darei aos meus secretários a ordem rigorosa de não marcar nenhum compromisso depois das 15 horas” na primeira Sexta-feira Premium.
Existe uma relação clara entre o tempo de lazer, as férias e o consumo, disse Toshihiro Nagahama, economista-chefe do Dai-ichi Life Research Institute em Tóquio. Se a maioria dos trabalhadores, inclusive os de empresas de pequeno e médio porte, participarem na iniciativa, o consumo privado poderia aumentar cerca de 124 bilhões de ienes (1,6 mil milhões de dólares) em cada Sexta-feira Premium, de acordo com os cálculos do economista.
Isso poderia ser um impulso ao consumo privado, que corresponde a cerca de 60% da economia.
No entanto, Nagahama disse estar preocupado com o facto de os trabalhadores de empresas de menor dimensão terem dificuldades para sair mais cedo ou que simplesmente tenham que compensar o tempo noutros dias, o que limitaria o impacto da campanha.
Os trabalhadores japoneses normalmente gozam apenas metade das férias remuneradas anuais a que têm direito. Em parte para contornar esse problema e fazer cumprir o tempo longe do trabalho, o Japão tem 16 feriados públicos por ano, mais do que países como os EUA e a França.
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