Número de famílias em incumprimento toca mínimo

Pela primeira desde que há dados, o número de famílias em incumprimento de crédito baixou da fasquia dos 600 mil. Encolheu para o nível mais baixo de sempre. Foi no crédito ao consumo que mais caiu.

Famílias com crédito há muitas. Até aumentaram no ano passado, mas as que estão em situação de incumprimento continuam a encolher. O número total reduziu-se para o nível mais baixo desde que há registo, ficando pela primeira vez abaixo da fasquia das 600 mil, de acordo com os dados da Central de Responsabilidades de Crédito (CRC) do Banco de Portugal. Uma nova quebra explicada, em grande parte, pela redução de devedores em falta nos empréstimos ao consumo.

Havia, no final do ano, 580.918 famílias com pelo menos uma prestação em atraso perante as instituições financeiras, o que representa o nível mais baixo desde que os dados começaram a ser recolhidos, em 2009. Registou-se uma quebra tanto face ao final do terceiro trimestre como em relação ao final do ano anterior, segundo os dados divulgados pela entidade liderada por Carlos Costa. O número de devedores em falta estava em 608.472 no final do terceiro trimestre, ascendendo a 614.838 no final do ano anterior.

No total do ano passado, assistiu-se a uma quebra de 5,5% no total de famílias em incumprimento, isto num ano marcado pela queda dos juros nos mercados, atirando aquele que é o principal indexante dos créditos à habitação em Portugal para níveis abaixo de zero. Isto ao mesmo tempo que se assistiu à recuperação da economia (o PIB cresceu 1,4% em 2016), o que permitiu um alívio na taxa de desemprego. No quarto trimestre, a taxa de desemprego estava em 10,5%. Desapareceram desta “lista” 33.919 famílias em 2016. São menos 93 por dia.

Este número de famílias em incumprimento de crédito continua a ser elevado, apesar da quebra. Representa 13,2% do total de famílias que têm algum tipo de financiamento contratado junto do setor financeiro. Ainda assim, já foi bem mais elevado. No pico da crise, em meados de 2012, mais de 700 mil famílias chegaram a apresentar pelo menos uma prestação em atraso, representando, à data, 15,6% do total de famílias devedoras. Face ao pico, o número encolheu em 127.711.

Incumprimento no consumo em mínimo

A quebra verificada durante o ano passado no número de famílias em incumprimento nos créditos foi obtida, em grande medida, através da redução expressiva dos agregados em falta perante os empréstimos ao consumo. Os dados da CRC, do Banco de Portugal, revelam que existiam 517 mil famílias com prestações de créditos contraídos para comprar de carros, de eletrodomésticos ou mesmo de viagens, em falta. Este número compara com os 550 mil no final do ano anterior, sendo o mais baixo alguma vez registado.

Houve uma redução de 35.663 famílias na “lista” de devedores em incumprimento no caso dos empréstimos ao consumo — são menos 5,9% face ao final de 2016. Este número é mais de três vezes superior à quebra registada no caso das famílias com créditos vencidos na habitação: caiu em 11.051, segundo o Banco de Portugal, descendo para 133.546, o que representa um novo mínimo desde o final de 2010. Em percentagem, tendo em conta a base mais reduzida, a quebra é, contudo, mais expressiva: 7,64%.

O somatório das famílias em incumprimento no consumo e na habitação ascende a 651.356, um número superior ao total de 580.918 agregados em falta nos seus empréstimos identificados pelo Banco de Portugal. Esta diferença traduz o facto de uma mesma família poder estar em incumprimento em dois ou mais créditos, situação que é bastante comum, especialmente no caso dos empréstimos ao consumo.

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