“Se o Governo quer demitir o governador, assuma-o”

Luís Marques Mendes diz que o Governo está a fazer a "vida negra" ao governador do Banco de Portugal. Há uma grande pressão, defendendo que se o Governo quer demiti-lo, que o assuma.

Carlos Costa tem estado sob pressão. A atuação do governador do Banco de Portugal no caso BES tem merecido duras críticas, levando os partidos mais à esquerda a apontarem para “falhas graves”. E o próprio Governo tem feito a “vida negra” ao responsável pela supervisão bancária, diz Marques Mendes. “Se o Governo quer demitir o governador, que o faça. Mas assuma-o com frontalidade”, diz.

O governador e Governo estão a discutir as recomposição do Banco de Portugal. “Há um braço de ferro” entre António Costa e Carlos Costa, com o líder do Executivo a chumbar vários nomes propostos por Carlos Costa, diz Marques Mendes no espaço de comentário na SIC. Uma situação que não é agradável, diz o comentador.

“Se o Governo quer demitir o governador, que o faça. Mas assuma com frontalidade” que é isso que pretende fazer, diz. “Se acha que não pode, deixe o governador trabalhar. Não lhe faça a vida negra”, pede Marques Mendes. Assim, está a minar a independência do banco de Portugal. E isto na praça publica enfraquece instituições”, nota. Por isso, defende, “o Presidente devia fazer alguma mediação. Tentar por ordem na casa”.

Carlos Costa no Parlamento

A atuação do Banco de Portugal no BES, que esta semana voltou a ser colocada em causa com as reportagens da SIC que apontam para um conhecimento prévio da situação por parte da instituição liderada por Carlos Costa, veio colocar novamente o regulador na mira das críticas.

“Fica confirmado que Ricardo Salgado é uma espécie de génio do mal”, diz Marques Mendes. E o “Banco de Portugal sai maltratado”, refere, defendendo que o “governador devia pedir para ir ao Parlamento para esclarecer as dúvidas”. De resto, o PS admitiu chamar o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, a prestar novos esclarecimentos ao Parlamento por causa do caso BES.

Marques Mendes diz que “quem não deve não teme”, mas reconhece que o “Banco de Portugal agiu de forma tardia. Devia ter agido seis, sete ou nove meses antes”. Agora, “isto não chega para crucificar Carlos Costa. Agiu de forma tardia, mas agiu, Correu com ele [com Ricardo Salgado]. Houve coragem para o fazer”, disse.

Núncio? Duplo desastre

No seu comentário semanal, Marques Mendes também falou sobre a polémica das declarações para as offshores que não foram publicitadas, nem verificadas pela máquina fiscal. E apontou o dedo a Paulo Núncio, o secretário de Estado à data a que se referem essas falhas e que, de resto, já assumiu a responsabilidade política.

As explicações dadas por Núncio não são “nem credíveis nem convincentes. Parecia Mário Centeno a explicar as SMS com António Domingues“, disse o comentador, acrescentando que o “que beneficia o infrator e o secretismo”. E rematou: “Ninguém acredita que só ele é que sabia”. Mas “admitindo que fala verdade, se fez sozinho foi um duplo desastre: para ele e para o ministro ou ministra“.

No período em que foram feitas essas transferências para offshores os ministro das Finanças eram Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque. “É fundamental ouvi-los”, diz Marques Mendes, que criticou as costas largas dos computadores depois de uma semana em que a culpa tem sido apontada ao sistema informático da Autoridade Tributária.

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