ARC melhora perspetiva de Portugal para estável

A ARC melhorou a perspetiva do 'rating' da República de "negativa" para "estável". Destaca ação institucional na estabilização da economia e maiores garantias no setor financeiro e dívida pública.

A ARC Ratings melhorou a perspetiva de Portugal de “negativa” para “estável”, mantendo o rating em ‘BBB-‘, um nível que atribui um grau de investimento à dívida portuguesa. Entre os motivos apresentados pela agência estão as “forças institucionais” que ajudaram Portugal a gerir a crise e a estabilizar a economia, o compromisso com a consolidação orçamental e maiores garantias no setor financeiro e na dívida pública.

“Portugal (e, de forma mais ampla, a União Europeia) teve um segundo semestre de 2016 bem mais forte do que o esperado”, referem os analistas daquela agência de rating multinacional, liderada pelo economista português José Poças Esteves.

“Este resultado foi baseado na resiliência surpreendente da economia europeia aos múltiplos choques que sofreu na segunda metade do ano — especialmente ao Brexit –, na crescente crença entre os agentes económicos de que a solução governativa é duradoura e, mais importante, no facto de o Governo ter adotado uma abordagem pragmática no processo de consolidação orçamental e na manutenção da maioria das reformas económicas mais importantes”, destaca ainda a ARC, salientando o “crescente” apoio que o país tem merecido dos seus parceiros e instituições europeias na frente orçamental.

"Este resultado foi baseado na resiliência surpreendente da economia europeia aos múltiplos choques que sofreu na segunda metade do ano — especialmente ao Brexit –, na crescente crença entre os agentes económicos de que a solução governativa é duradoura e, mais importante, no facto de o Governo ter adotado uma abordagem pragmática no processo de consolidação orçamental e na manutenção da maioria das reformas económicas mais importantes.”

ARC Ratings

Comunicado

Em termos mais concretos, a ARC Ratings, formada em 2013 em resultado da fusão de várias agências mundiais, entre elas a Companhia Portuguesa de Ratings, considera que o rating de Portugal está um nível acima de ser considerado “lixo” pelas seguintes razões:

  • Forças institucionais que ajudaram Portugal a gerir a crise na estabilização da sua economia;
  • Compromisso continuado em torno da consolidação orçamental;
  • Vontade comprovada e capacidade para salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro afetado pela crise e por anos de políticas de crédito imprudente;
  • Gestão proativa da dívida que contem os riscos associados à elevada dívida pública acima de 130% do PIB;
  • Melhoria das estatísticas do emprego, embora abaixo dos níveis pre-crise;
  • Acesso à liquidez do BCE e aos mercados de financiamento;
  • Ambiente político na Zona Euro consciente dos riscos de deflação;
  • Zona Euro que providencia um enquadramento institucional para a gestão económica e é uma fonte comprovada de liquidez de emergência.

Apesar dos elogios, a ARC Ratings salienta também alguns riscos que Portugal continua a enfrentar, nomeadamente a falta competitividade da economia, a elevada dívida que torna o país mais sensível aos humores do mercado, o elevado endividamento do setor privado e ainda os efeitos do Brexit e das dúvidas acerca do projeto da moeda única.

Portugal tem “uma história de desempenho de crescimento sem brilho, mesmo no período pré-crise, quando a liquidez (e empréstimos) foi flutuante. A recuperação pós-crise continua lenta. A economia é mais dependente das exportações, mas a trajetória da política é mais populista, podendo prejudicar ganhos de competitividade”, diz a agência.

Acrescenta ainda que a exclusão da participação de Portugal no programa de compra de obrigações do Banco Central Europeu (BCE) poderá colocar o país sob pressão.

(Notícia atualizada às 9h24)

 

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