Caixa com prejuízos de quase dois mil milhões
Paulo Macedo vai apresentar os resultados mais negativos de sempre do banco estatal. Os prejuízos ficam ligeiramente abaixo dos dois mil milhões de euros, apesar das imparidades de três mil milhões.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai ter os piores resultados de sempre. O banco estatal vai apresentar um prejuízo ligeiramente inferior a dois mil milhões de euros, refletindo as elevadas imparidades. O resultado final ficará, no entanto, aquém dos três mil milhões de prejuízos previstos no plano de recapitalização.
Ao que o ECO apurou, o banco liderado por Paulo Macedo, que vai revelar as contas de 2016 esta sexta-feira ao final do dia, deverá reconhecer nas contas do ano passado imparidades que deverão ascender a três mil milhões de euros. No final dos primeiros nove meses esse valor era de apenas 412 milhões.
Com o reconhecimento deste elevado nível de imparidades, os resultados líquidos poderão ser tão negativo quanto os prejuízos acumulados nos últimos cinco anos. O pior resultado alguma vez apresentado pelo banco público era, até agora, foi em 2013, ano em que perdeu 575 milhões de euros.
O banco estatal Já tinha registado prejuízos de 488 milhões de euros em 2011, sendo que em 2012 também apresentou um valor negativo. E nos últimos dois anos a tendência negativa manteve-se. No total, perdeu em cinco anos cerca de 1,9 mil milhões de euros, num período em que todo o setor financeiro nacional foi penalizado pelas elevadas perdas com o crédito malparado.
Imparidades de três mil milhões
Serão as imparidades que vão atirar o banco agora liderado por Paulo Macedo para o pior resultado da sua história. O valor reconhecido pelo banco como perdido deverá rondar os três mil milhões de euros, de acordo com a informação obtida pelo ECO. António Domingues, que liderou o banco entre agosto e o final do ano passado, foi o gestor que fez a limpeza do balanço para a posterior recapitalização.
Até ao final dos primeiros nove meses do ano passado, a CGD já tinha registado imparidades no valor de 412,1 milhões de euros, montante que deverá disparar no último trimestre, levando o resultado que já era negativo para valores ainda mais… negativos. O banco estatal tinha apresentado prejuízos de 189,3 milhões de euros em setembro.
Recapitalização. Falta a segunda parte
As elevadas imparidades são propositadas. A ideia da administração liderada por António Domingues foi a de arrumar os créditos malparados para permitir relançar a CGD como um banco ao serviço das empresas. Ou seja da economia portuguesa. Relançar sem o fardo do malparado, mas com capital fresco. O plano recapitalização supera os cinco mil milhões de euros.
Uma parte desse plano já foi executada. Na primeira fase, a CGD utilizou reservas livres e legais, no valor global de 1,4 mil milhões de euros, para limpar prejuízos passados. Este reforço foi realizado em espécie, através da transferência de ações da Parcaixa (no valor de 490 milhões) e através do “perdão” dos CoCos (900 milhões de euros).
Falta a segunda fase, que obteve agora a luz verde de Bruxelas. Neste segundo capítulo, tendo em conta que os prejuízos da CGD serão inferiores ao previsto, a injeção de capital do Estado deverá ser menor. A ideia inicial era de que fossem aplicados 2,7 mil milhões de euros em dinheiros públicos ao mesmo tempo que é feita a entrada de capital de privados. O banco fará duas emissões de 500 milhões de euros cada em títulos de dívida de elevada subordinação. A primeira deverá acontecer no final deste mês ou em abril.
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