Turquia vai às urnas para reforçar poderes do Presidente

  • Lusa
  • 16 Abril 2017

É um eleitorado fraturado que vota este domingo em consulta decisiva para futuro da Turquia. Referendo pretende substituir o sistema parlamentar por um regime presidencialista.

Cerca de 58 milhões de turcos vão pronunciar-se este domingo, em referendo, sobre uma reforma constitucional proposta pelo Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que substitui o sistema parlamentar por um regime presidencialista.

Se a reforma for aprovada, o cargo de primeiro-ministro é eliminado e os seus poderes são transferidos para o chefe de Estado.

A vitória do “sim” permitirá ainda concretizar 18 reformas constitucionais que fornecem ao Presidente o poder para designar ministros e altos responsáveis oficiais, nomear metade dos membros da mais alta instância judicial do país (HSIK), declarar o estado de emergência e emitir decretos.

Para os apoiantes de Erdogan, o mentor desta consulta eleitoral, as alterações à Constituição vão introduzir a estabilidade de que o país necessita. Os opositores receiam que apenas signifique mais um passo em direção a um regime autocrático controlado pelo atual “homem-forte” da Turquia.

Na reta final da campanha as sondagens mais credíveis indicavam que o “sim” e o “não” ao novo sistema presidencialista estavam praticamente empatados, com alguns estudos de opinião a referirem-se a apenas meio ponto de diferença.

"Se Deus quiser, a nossa nação, aqui e no estrangeiro, avançará em direção ao futuro depois de ter sido feita a escolha esperada.”

Recep Tayyip Erdogan

Presidente da Turquia

No sábado, Erdogan e a oposição promoveram os últimos comícios de campanha para tentar convencer o grande número de eleitores indecisos para um escrutínio que se prevê muito disputado.

O chefe de Estado e, na prática, o líder do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, islamita-conservador, no poder desde finais de 2002) participou em quatro iniciativas eleitorais e o seu primeiro-ministro em cinco, todas em Istambul.

O dirigente do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), Kemal Kiliçdaroglu, optou por permanecer nos arredores de Ancara, enquanto o pró-curdo Partido Democrático dos Povos (HDP, esquerda) terminou a campanha em Diyarbakir (sudeste), a região do país com maioria de população curda.

Este domingo, após ter votado, Recep Tayyip Erdogan defendeu que o referendo em curso no país com vista ao reforço dos seus poderes é um escrutínio para garantir o futuro da Turquia.

“Se Deus quiser, a nossa nação, aqui e no estrangeiro, avançará em direção ao futuro depois de ter sido feita a escolha esperada”, declarou Erdogan, depois de votar em Istambul, realçando que o referendo não é um escrutínio “vulgar” para transformar o sistema de governo da Turquia.

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