KPMG duvida de cálculo que Associação Mutualista faz das imparidades do Montepio
A Associação Mutualista avalia a participação que detém na Caixa Económica em mais de dois mil milhões de euros. Descontadas as imparidades, o banco fica avaliado em 1.666 milhões.
A KPMG volta a fazer alertas à Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG). Desta vez, a auditora questiona o valor que a Associação Mutualista atribui à posição que detém na Caixa Económica e no setor de seguros, colocando em causa os critérios de cálculo das eventuais imparidades a registar com estas participações. A notícia é avançada pelo Público (acesso limitado), na edição desta quarta-feira.
No parecer da KPMG que vem incluído no relatório e contas do exercício de 2016 da Associação Mutualista, a auditora considera que as demonstrações financeiras da AMMG, que reportou lucros de 7,4 milhões de euros no ano passado, “apresentam de forma verdadeira e apropriada, em todos os aspetos materiais, a [sua] posição financeira em 31 de dezembro de 2016”.
Nessa data, a Associação Mutualista avaliava a participação que detém na Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) em 2.016 mil milhões de euros, um aumento de 18,2% face ao valor que tinha sido registado em 2015. As imparidades registadas situaram-se em 350 milhões, o mesmo valor de 2015. Descontado o valor das imparidades, a CEMG ficou avaliada em 1.666 milhões em 2016. Já a participação na Montepio Seguros está avaliada em 255,8 milhões de euros, com um valor de imparidades de 69,3 milhões.
É para esse registo de imparidades que a KPMG chama a atenção. “Os testes efetuados pelo Montepio Geral – Associação Mutualista relativamente à determinação do valor recuperável das suas participações financeiras tiveram por base pressupostos cuja influência da atual conjuntura económico-financeira e condições gerais do mercado são determinantes”, começa por explicar a KPMG. Ora, são precisamente estes pressupostos que a auditora questiona:
“A verificação dos pressupostos utilizados nos respetivos testes e evolução das condições macroeconómicas e do mercado em geral poderão traduzir-se na alteração desses mesmos pressupostos e, consequentemente, no valor recuperável determinado das suas participações financeiras. As demonstrações financeiras da entidade foram preparadas no pressuposto da continuidade das respetivas operações, as quais dependem da evolução futura dos pressupostos subjacentes ao valor recuperável das suas participações financeiras bem como ao sucesso das iniciativas que vierem a ser tomadas pelo conselho de administração com vista ao reforço do capital próprio”, justifica a KPMG.
No relatório e contas, a AMMG salienta que este valor da imparidade de 350 milhões com a Caixa Económica deverá ser “revertido com base na concretização do plano da CEMG para os próximos anos”.
Além da KPMG, também o Conselho Fiscal tem dúvidas sobre esse plano. No parecer incluído no relatório e contas, o Conselho Fiscal refere, “sem colocar minimamente em causa a adequação de todas as premissas utilizadas e a correção matemática dos cálculos subjacentes”, que “variações, ainda que mínimas, na ordem de 0,5%, podem provocar oscilações significativas no valor das imparidades”.
As contas feitas pelo Conselho Fiscal apontam para que “o simples aumento de 0,5% implicaria um reforço de 134 milhões de imparidades, mas, por outro lado, a redução de 0,5% permitiria libertar 138 milhões de imparidades”.
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