Gestores das cotadas ganham até cem vezes mais que os trabalhadores

  • ECO
  • 2 Maio 2017

Os gestores das empresas nacionais cotadas em bolsa ganham, em média, 876 mil euros. Jerónimo Martins, EDP e Sonae apresentam as maiores disparidades entre os administradores e trabalhadores.

Quase 12,3 milhões de euros. Foi quanto amealharam em salários, os CEO das 14 cotadas do PSI-20 que já apresentaram os seus relatórios de Governo das Sociedades de 2016. Isto significa que cada presidente executivo do universo de empresas consideradas arrecadou, em média, 876 mil euros de salário no ano passado, de acordo com os cálculos feitos pelo Diário de Notícias (acesso pago) com base na informação disponibilizada pelas empresas.

António Mexia, CEO da EDP, mantém-se na liderança do ranking salarial, tendo ganho no ano passado mais de dois milhões de euros em remuneração fixa e variável, 11% acima do valor que recebeu em 2015. A remuneração do presidente da elétrica foi 41,5 vezes superior face aos 49.100 euros de salário recebido, em média, por cada um dos quase 12 mil funcionários da EDP. Uma discrepância que ainda assim não é das maiores entre as cotadas analisadas pelo jornal diário.

Das 14 companhias que já publicaram os relatórios de Governo das Sociedades de 2016, cabe à Jerónimo Martins apresentar a maior distância entre o topo e os trabalhadores. Pedro Soares dos Santos, CEO da dona dos supermercados Pingo Doce, arrecadou 1,269 milhões de euros no ano passado, mais 46% face à remuneração recebida em 2015. Já a média salarial do grupo foi de 12.500 euros anuais por trabalhador. Na prática, Soares dos Santos ganhou mais 101 vezes que um colaborador da retalhista.

O retalho é, aliás, o setor que apresenta em termos globais a maior discrepância de salários entre a administração e a base de funcionários. No ano passado, Paulo Azevedo, co-CEO da Sonae, recebeu 38 vezes mais do que a média dos salários dos trabalhadores de holding. Galp e CTT são as outras das empresas do PSI-20 em que a diferença salarial entre o CEO e os trabalhadores ultrapassa as 30 vezes.

Por cada dez gestores, só 3,3 são mulheres

As mulheres representam cerca de metade da força de trabalho da União Europeia (UE), mas continuam a ter pouca expressão em cargos de topo. Segundo estatísticas do Eurostat, citadas pelo Dinheiro Vivo, do total de 7,3 milhões de gestores na UE, 4,7 milhões são homens, e os restantes 2,6 milhões são mulheres. Ou seja, apenas um terço do total dos cargos são ocupados por gestores do sexo feminino. Ao nível das remunerações, a divergência também acontece, com as mulheres a receberem salários inferiores aos homens. Nas posições de topo, a diferença é de 23,4%.

Mas há exceções. A Letónia, é o único país da UE, onde as mulheres ocupam mais cargos de chefia do que os homens. Neste país, existem 5,3 mulheres por cada dez cargos de gestão. Em Portugal, o rácio é de 3,3 mulheres por cada dez cargos de gestão. No total, existem 71.837 cargos de topo: 23.763 são mulheres. A média está assim abaixo dos 35% registados no total da UE. Em termos salariais, as mulheres também estão abaixo da média europeia. Cada mulher gestora recebe menos 25,9% do que um homem que ocupa a mesma função, também menos do que acontece na UE.

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