Operação Marquês: Bava aderiu ao perdão fiscal

O ex- presidente da PT terá aderido ao RERTIII revela a investigação do ministério Público que conduz a Operação Marquês. Mas há mais. Dirceu, ex-ministro de Lula e a Ongoing estão sob escrutínio.

Parece um puzzle e envolve algumas das principais figuras da sociedade portuguesa. A Operação Marquês, em que o ex-primeiro-ministro José Sócrates é o principal arguido revela agora novos pormenores.

Segundo escreve o Jornal de Negócios na edição desta sexta-feira, o ex-presidente da Portugal Telecom, Zeinal Bava terá aderido ao perdão fiscal do Regime Excecional de Regularização Tributária que vigorou em 2012 (RERTIII), o mesmo que Ricardo Salgado usou para fazer regressar a Portugal parte dos 14 milhões que recebeu do construtor José Guilherme.

O Negócios escreve mesmo que a a confirmação de que Bava aderiu ao RERT III foi feita pelo Banco de Portugal, depois do juíz Carlos Alexandre ter determinado a quebra do sigilo. Em causa estão as suspeitas de que tanto Zeinal Bava como Henrique Granadeiro, ex-chairman da PT, teriam sido beneficiados com pagamentos suspeitos oriundos do GES, através da ES Enterprises, sociedade que terá funcionado como uma espécie de saco -azul para pagamento de favores, inclusive a José Sócrates, segundo diz a investigação.

A investigação pretende aferir se Bava aderiu ao perdão fiscal para trazer para Portugal o dinheiro que teria recebido através das contas na Suíça e em Singapura. Bava terá recebido 18,5 milhões de euros em 2011, a que se juntam mais 6,7 milhões de euros em 2007, segundo afirma a investigação.

Os pagamentos em causa seriam referentes aos ganhos obtidos pelos acionistas da telefónica com a distribuição de dividendos da PT e da separação da PT Multimédia, no âmbito da resposta à OPA da Sonae.

O ministério Público alega que o chumbo da OPA contou desde o início com o apoio de Sócrates devido a um acordo firmado entre este e Ricardo Salgado e que implicava o pagamento de 15 milhões de euros ao ex-primeiro-ministro.

Pagamentos a Dirceu

Mas os eventuais pagamentos através do GES não se ficam por aqui. O Negócios conta que os investigadores acreditam que Salgado terá feito pagamentos a José Dirceu, ex-ministro de Lula da SIlva. O objetivo era de que este atuasse junto das autoridades brasileiras como facilitador da operação que envolvia a PT e que veio a dar origem à Oi.

Segundo a investigação a PT terá alegadamente pago, entre julho de 2007 e junho de 2008, 511 mil euros. A que acresce, ente março de 2011 e julho de 2014, mais 1,23 milhões de euros desembolsados pela Espírito Santo Financial.

O intermediário desta “troca de favores” terá sido feito por Henrique Granadeiro, em reuniões em Reguengos de Monsaraz e em Nova Iorque.

Ongoing volta à ribalta

A empresa liderada na altura por Nuno Vasconcelos e Rafael Mora está também sob escrutínio. A investigação terá pedido ao Novo Banco esclarecimentos sobre os financiamentos concedidos desde 2006 ao grupo. Em causa estarão a descrição dos financiamentos à Ongoing Strategy Investments, à Insight Strategy Investments, à Ongoing TMT, à Ongoing Telecommunications, à RS Holdings e à Investoffice.

Também as aplicações financeiras feitas pela PT em fundos geridos pela Ongoing entre 2005 e 2012 estão a ser alvo de análise, tendo já sido pedido à CMVM mais informações.

Justiça investiga 4,5 milhões em conta de mulher de Ricardo Salgado

Ainda no âmbito da operação Marquês, as contas bancárias da Suíça da mulher de Ricardo Salgado estão também a ser investigadas. O Observador adianta que a investigação suspeita que uma offshore que será detida por Maria João Bastos Salgado terá recebido, através do GES, 4,5 milhões de euros.

A transferência terá acontecido a 22 de novembro de 2011, a partir de uma conta no banco Pictet, cujo proprietário é desconhecido e tinha como destino uma conta detida pela entidade offshore Begolino, no banco Lombard Odier.

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