Draghi: Crédito malparado em Portugal “deve ser enfrentado”
Com uma inflação subjacente ainda longe da meta dos 2%, o presidente do Banco Central Europeu considerou ser "muito cedo" para retirar os estímulos na economia da Zona Euro.
Os mercados continuam expectantes sobre como e quando é que o Banco Central Europeu vai deixar de comprar dívida soberana, retirando os estímulos à economia europeia. Esta segunda-feira, Mario Draghi, numa audição no Parlamento Europeu, admitiu que a Zona Euro está a recuperar de forma sólida. Mas alertou que a inflação subjacente — excluindo os combustíveis — está aquém da meta estabelecida pelo BCE (perto de 2%). Ou seja, é “muito cedo” para alterar a política monetária.
“Ainda é muito cedo para pensar que vamos mudar a orientação da política monetária“, respondeu o presidente do Banco Central Europeu, citado pela Bloomberg. Mesmo com a aceleração da economia, tal como revelaram os últimos dados do Eurostat, Draghi considera que a Zona Euro continua a necessitar de uma política monetária acomodatícia. “Continuámos firmemente convencidos de que uma ajuda extraordinária de política monetária, incluindo através da nossa orientação, ainda é necessária”, afirmou perante os eurodeputados da comissão de Economia e Assuntos Monetários, em Bruxelas.
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Contudo, o líder da política monetária europeia confirmou que os limites do quantatitive easing, nomeadamente quanto à compra de dívida de um país, não serão ultrapassados.
"Ainda é muito cedo para pensar que vamos mudar a orientação da política monetária.”
A contrabalançar o crescimento da economia está o valor da inflação subjacente. “As pressões dos custos domésticos, notavelmente com origem nos salários, ainda são insuficientes para apoiar uma inflação durável e autossuficiente em direção ao nosso objetivo de médio prazo”, explicou Mario Draghi na audição trimestral do Parlamento Europeu. Ou seja, a economia tem recuperado mas os preços dos bens não têm acompanhado essa recuperação.
Draghi disse ainda que o risco externo diminuiu, principalmente porque a economia está a crescer graças ao consumo doméstico e ao investimento.
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A próxima reunião do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu está marcada para 8 de junho. Nesse encontro, Draghi espera ter informação “mais completa” para formular um julgamento sobre a distribuição de risco à volta das previsões para o crescimento económico e inflação.
Draghi: Portugal fez progressos significativos mas deve enfrentar problema do crédito malparado
O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, afirmou ainda que Portugal alcançou “progressos significativos” em “todas as frentes”, mas advertiu para o problema do crédito malparado, que “deve ser enfrentado”. “Foram alcançados, de facto, progressos significativos em Portugal, em todas as frentes. Esse é o primeiro ponto que devemos ter em mente. O segundo é que, no entanto, persistem vulnerabilidades significativas, em especial no setor bancário, onde ainda temos um número elevado de crédito malparado, como [acontece] em outros outros países, sobretudo da periferia, e estas vulnerabilidades devem ser enfrentadas”, afirmou.
"Foram alcançados, de facto, progressos significativos em Portugal, em todas as frentes.”
Mario Draghi, que respondia a uma questão do eurodeputado português Pedro Silva Pereira, do PS, durante uma audição perante a comissão parlamentar de Assuntos Económicos, defendeu que “estas vulnerabilidades têm que ser enfrentadas antes de mais para o seu próprio bem [dos bancos], para a estabilidade do sistema bancário, mas também para explorar ao máximo a capacidade dos bancos portugueses de apoiarem e financiarem a economia real”.
O presidente do BCE reforçou que as vulnerabilidades resultantes do crédito malparado constituem “um entrave” à capacidade dos bancos conseguirem financiar empresas e famílias.
(Atualizado às 17h40 com Lusa)
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