Dinheiro depositado pelos portugueses na banca já só rende 0,5%

Os juros dos novos depósitos subiram ligeiramente, em abril, mas a remuneração do total de dinheiro depositado pelos portugueses nos bancos baixou para um novo mínimo histórico.

Nunca o dinheiro aplicado em depósitos a prazo rendeu tão pouco. Apesar de ter ocorrido uma ligeira subida na taxa de juro média das novas aplicações a prazo realizadas em abril, a remuneração do bolo total dos depósitos estacionais pelas famílias portuguesas nos bancos caiu para um mínimo histórico, revelam dados do Banco Central Europeu (BCE).

Enquanto a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo subiu ligeiramente face ao mínimo histórico traçado em março, ao passar dos 0,31% para 0,32%, no caso do saldo total dos depósitos observou-se mais uma quebra. Em abril, a taxa de juro do saldo de depósitos a prazo situou-se, em média, nos 0,51%. Pelo menos desde o início de 2003, período a que remonta o histórico da entidade liderada por Mario Draghi, que o dinheiro depositado pelos portugueses nos bancos nacionais não rendia tão pouco.

Juros dos depósitos em queda

Fonte: Bloomberg

A quebra da remuneração dos depósitos a prazo naquele mês dá seguimento a uma tendência que se regista já há muito tempo. Grande parte da responsabilidade por essa diminuição está na fraca apetência dos bancos em captar recursos dos seus clientes, levando-os a passar grande parte da queda da queda dos juros no mercado para as remunerações oferecidas ao retalho. Isto numa altura em que a liquidez é elevada, com a banca a centrar atenções na concessão de crédito.

Esses efeitos são de tal ordem que no espaço de um ano, a remuneração média do bolo dos depósitos caiu para metade. Os atuais 0,51% de juros brutos comparam com os 0,92% que se verificavam em abril do ano passado. À medida que o tempo passa não só as novas aplicações vão sendo remuneradas a taxas mais baixas, como ao mesmo tempo vão também vencendo os depósitos que ofereciam os juros mais elevados. Esta situação justifica o corte observado no retorno médio do saldo de depósitos existente em Portugal.

O impacto da quebra dos retornos dos depósitos a prazo reflete-se no que respeita às quantias aplicadas. Também de acordo com dados do BCE, em abril, os portugueses detinham um total de 96.491 milhões de euros aplicados em depósitos a prazo. Trata-se do patamar mais baixo desde julho de 2011, período em que este tipo de aplicações concentravam 96.139 milhões de euros.

Portugal é um dos que menos paga pelos depósitos

Quando comparado com o resto da Zona Euro, Portugal é um dos países que menos paga pelos depósitos a prazo. Apenas na Áustria, na Lituânia e em Espanha, os depósitos a prazo são remunerados a taxas de juro médias mais baixas. Na Zona Euro, os bancos espanhóis são os que menos pagam, com o saldo de aplicações a prazo a apresentar uma remuneração média de 0,22%. Ou seja, menos de metade do valor que se verifica em Portugal. Já na Áustria e na Lituânia, as taxas médias situavam-se em 0,47% e 0,4%, respetivamente, em abril.

No lado oposto surgem a Holanda e a França, onde as taxas de juro do total de depósitos a prazo superam a fasquia dos 2%. Em abril, os saldos dos depósitos eram remunerados a taxas de 2,65% e 2,52%, respetivamente, em cada um desses países. Em média, na Zona Euro a taxa média situava-se nos 1,29%.

Se para os aforadores portugueses, o nível historicamente reduzido dos juros dos depósitos é uma má notícia, o mesmo já não acontece com os bancos. Tendo em conta a realidade dos restantes países, Portugal apresenta assim um dos custos de financiamento junto do retalho mais baixos da Zona Euro. Os depósitos representam mais de metade do financiamento total dos bancos.

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