Depósitos do Montepio caíram para mínimo da década

A tensão em torno situação financeira do banco levou muitos aforradores a resgatarem as suas poupanças. Foi retirado, num trimestre, o valor mais elevado num ano, atirando o saldo para mínimo de 2010.

O Montepio esteve na ribalta no arranque deste ano. E não foi pelos melhores motivos, razão pela qual se assistiu a uma quebra acentuada dos recursos dos clientes no banco. Houve um trambolhão no valor aplicado pelos aforradores, atirando o montante em depósitos para o nível mais baixo da década.

Os depósitos dos clientes encolheram em 876 milhões de euros no espaço de apenas três meses, disse o banco na apresentação dos lucros de 11,1 milhões no primeiro trimestre de 2017. Tendo em conta apenas os dias úteis deste período, foram retirados do banco 70 milhões de euros por dia, reflexo, em parte, dos receios dos investidores em torno da solvabilidade da instituição liderada por Félix Morgado fruto dos problemas do seu único acionista, a Associação Mutualista Montepio Geral.

“Apesar da ligeira diminuição nos depósitos, assistimos a uma dinâmica favorável das quotas de mercado tanto no segmento de particulares, mas também no segmento de empresas”, diz o banco. A quebra ligeira foi de 7%. Enquanto a quebra em termos absolutos foi a mais expressiva desde o primeiro trimestre de 2016, em termos percentuais foi a mais expressiva desde meados de 2015. E o saldo afundou para mínimos de vários anos, apesar de os depósitos estarem protegidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos até um valor de 100 mil euros por depósito e depositante.

O valor total apresentado pelo Montepio como depósitos de clientes foi de 11.592 milhões de euros, o que representa o montante mais baixo desde o ano de 2010, de acordo com a recolha realizada pelo ECO. Nessa altura, o saldo estava ligeiramente acima dos 10 mil milhões, tendo subido desde então, chegando a um máximo de 14.287 milhões em março de 2015.

Desde essa altura, contudo, a tendência tem sido de descida. Em oito trimestres, desde meados de 2015, o Montepio apresentou uma quebra no saldo dos depósitos em seis — só em dezembro de 2015 e junho de 2016, meses em que são pagos subsídios de Natal e férias, os valores aumentaram em 416 e 618 milhões, respetivamente.

Com a quebra dos depósitos, o rácio de transformação, ou seja, a cobertura dos créditos pelos depósitos deteriorou-se. Houve uma “manutenção do equilíbrio do balanço comercial com o rácio de transformação, considerando o crédito e os recursos de clientes de balanço, a fixar-se em 102,8%”, diz o banco, mas no final do ano era de 96,3%. Uma evolução numa altura em que o crédito a clientes caiu em 3,2%.

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