Horta Osório: Malparado tem de ser “reciclado” e “vendido”

  • Rita Atalaia
  • 22 Junho 2017

O presidente do Lloyds Bank realça que o malparado continua a ser um dos maiores problemas no setor financeiro. Para o gestor, estes créditos devem ser "vendidos" a quem sabe geri-los.

António Horta Osório reconhece que foram feitos progressos no setor financeiro. Mas o presidente executivo do Lloyds Bank diz que é preciso fazer mais. Sobretudo a nível do malparado, que ainda penaliza fortemente a rentabilidade dos bancos portugueses. É preciso “reciclar” estes empréstimos em incumprimento através da venda em mercado. Num almoço organizado pela Câmara de Comércio, o gestor aproveita também para pedir que sejam adotadas mais medidas para se reduzir o peso da dívida na economia.

António Horta Osório, presidente executivo do Lloyds, num almoço organizado pela Câmara de Comércio.Paula Nunes

O [crédito] malparado devia ser reciclado, no sentido de os ativos serem vendidos” a quem sabe geri-los, nota Horta Osório. O gestor defende que este é ainda um dos principais problemas que a banca tem por resolver. “Portugal está muito pior que Espanha e que a média europeia”, relembra. Declarações que são feitas depois de o Governo já ter apresentado uma proposta para o malparado aos três bancos portugueses com níveis mais elevados destes empréstimos em incumprimento. As instituições financeiras vão agora analisar a solução apresentada pelo Ministério das Finanças e o Banco de Portugal. O Governo aguarda contributos para a medida.

"O [crédito] malparado devia ser reciclado, no sentido de os ativos serem vendidos [a quem sabe geri-los].”

António Horta Osório

Presidente executivo do Lloyds Bank

Isto apesar de todas as medidas que já foram tomadas. “O setor financeiro obteve melhorias muito importantes”, realça. E destaca a recapitalização da CGD, o aumento de capital no BCP e a venda do BPI ao CaixaBank. Do ponto de vista da solvência, os problemas melhoraram muito, diz.

Dívida tem de ser reduzida

Mas estes empréstimos em incumprimento não são o único problema referido pelo presidente executivo do Lloyds Bank. Horta Osório aproveita para destacar os ainda elevados níveis da dívida. Defende, por isso, que as políticas governamentais devem ter em conta um plano “médio prazo para reduzir o nível da dívida” do país.

“As perspetivas do FMI para Portugal e Itália para este ano e, em média, para 2022 são baixas“, defende. Por isso, têm de ser feitas “reformas importantes e adotar políticas adequadas”. Na apresentação, o gestor destaca que “países com elevada dívida no setor privado — incluindo Portugal — continuam a evidenciar descidas do crédito à economia”.

É que apesar de o cenário económico estar a melhorar, “não podemos ser complacentes”, defende. Tem de ser aproveitar esta recuperação “para pôr a casa em ordem” em quatro ou cinco anos para não se repetir o que aconteceu no passado, remata.

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