Exclusivo Credor do Novo Banco critica preço da oferta. “Foi uma decisão política”

Para o fundo Xaia Investment, descontos que Novo Banco aplica aos títulos que quer comprar são injustos. "Parece-me mais uma decisão motivada politicamente", diz diretor deste fundo alemão.

O Novo Banco pretende comprar obrigações com níveis de desconto que variam entre os 10% e 90% face valor nominal dos títulos. Para os credores do banco, esta proposta não é justa. “Há preços diferentes nas várias séries de obrigações. Parece-me que os preços não seguem uma fórmula justa num sentido económico. Parece-me mais uma decisão motivada politicamente“, diz ao ECO o diretor do fundo Xaia Investment, Jochen Felsenheimer.

Este fundo alemão detém uma posição em obrigações do BES/Novo Banco perto dos cem milhões de euros, mas não está autorizado a divulgar a posição exata. Encontra-se atualmente a “analisar os documentos” da oferta de compra de obrigações lançada esta terça-feira pelo Novo Banco. “Nenhuma decisão foi tomada até agora”, refere Felsenheimer.

Ainda assim, do que já foi possível avaliar, a opinião deste gestor é negativa em relação às condições da proposta do Novo Banco. O banco pretende adquirir os títulos de dívida em troca de numerário para conseguir reforçar os seus rácios de solidez financeira em pelo menos 500 milhões de euros. E as críticas de Jochen Felsenheimer vão além do preços.

“Há algumas características da proposta de que não gosto. A diferenciação entre investidores de retalho e investidores institucionais não é correta pelo facto de que por detrás dos todos investidores institucionais estão investidores de retalho, isto é, os clientes privados aplicaram investimentos que são geridos pelos gestores de ativos institucionais”, começa por argumentar Felsenheimer.

“Somos considerados investidor institucional mas, na verdade, somos gestores de fundos que são detidos por clientes de retalho alemães”, concretiza este responsável.

"Há preços diferentes nas várias séries de obrigações. Parece-me que os preços não seguem uma fórmula justa num sentido económico. Parece-me mais uma decisão motivada politicamente.”

Jochen Felsenheimer

Diretor da Xaia Investment

Por outro lado, Felsenheimer considera que a proposta de “resgate antecipado a um baixo preço é uma redução do valor nominal das obrigações”. “Isto estava excluído nos anúncios anteriores”, aponta.

O diretor da Xaia Investments critica também o facto de ainda não haver solução para o caso das obrigações que foram transferidas do Novo Banco para o BES mau, num montante de 2,2 milhões de euros. Para Felsenheimer, este caso que opõe o Banco de Portugal e o Fundo de Resolução a um grupo de investidores que inclui a Pimco já devia estar resolvido, “em acordo com qualquer reestruturação das obrigações seniores do Novo Banco”.

"A diferenciação entre investidores de retalho e investidores institucionais não é correta pelo facto de que por detrás dos todos investidores institucionais estão investidores de retalho, isto é, os clientes privados aplicaram investimentos que são geridos pelos gestores de ativos institucionais.”

Jochen Felsenheimer

Diretor da Xaia Investment

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