O conhecimento de Bragança para o mundo
Projetos de investigação de desenvolvimento de soluções tecnológicas são uma das bandeiras da região de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Isabel Ferreira foi considerada pelo conhecido ranking internacional da Thomson Reuters uma das cientistas mais influentes do mundo na área das ciências agrárias em 2015 e em 2016. E pertence ao grupo de seis investigadores radicados em Portugal cujos artigos científicos foram os mais citados do mundo no ano passado, segundo o mesmo ranking.
A tabela representa somente 1% de tudo o que se publica no mundo, e envolve apenas 3000 cientistas. A portuguesa trabalha com a sua equipa no Centro de Investigação de Montanha, que coordena no Instituto Politécnico de Bragança e tem 154 investigadores, dos quais 71 são doutorados. O seu trabalho de investigação, quando chegou ao Politécnico de Bragança, começou pelo estudo dos cogumelos e das plantas como a cidreira, a camomila, a perpétua roxa, o manjericão, os coentros da serra de Montesinho através da sua caracterização química e bioquímica. “Já estudámos 200 espécies diferentes de plantas e 160 de cogumelos”, revelou recentemente ao Expresso, a investigadora.
Desta investigação surgiu a ideia de o Instituto Politécnico de Bragança registar a marca “ValorNatural” como aposta na valorização de recursos naturais através da extração de ingredientes de elevado valor acrescentado para aplicações na indústria alimentar.
“O nosso objetivo é promover a produção sustentada de fontes naturais ricas em compostos de interesse para a indústria e a utilização de biorresíduos para a produção de bioativos, corantes, conservantes e aromas naturais”, explica Isabel Ferreira.
O projeto pretende também desenvolver metodologias e equipamentos de extração e refinação de todos estes compostos que sejam mais eficientes, amigos do ambiente e inovadores. Envolve unidades de investigação do Politécnico de Bragança e da Universidade do Porto, o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial, o Centro Tecnológico do Calçado de Portugal, o Instituto de Soldadura e Qualidade, o Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos e 13 empresas produtoras de plantas e cogumelos ou utilizadoras de aditivos alimentares como TecPan – Tecnologia e Produtos para Pastelaria e Panificação, Novavet – Produtos Agro – Pecuários, Afonso Lopes & Cª., Arménio Adérito Vaz, Deifil Technology Lda, Pragmático Aroma, M. Ferreira e Filhas, Cooperativa Agrícola de Alfândega da Fé CRL, Paralab – Equipamentos Industriais e de Laboratório S.A, Quinta Holminhos – Unipessoal, Lda, Vera Mata – Soluções Perfumadas, Lda, Earth Essences, Ponto Agrícola Unipessoal.
O Instituto Politécnico de Bragança é constituído por dois campus em Bragança e em Mirandela com cinco escolas: a Escola Superior Agrária de Bragança, Escola Superior de Educação de Bragança, Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Bragança, Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo de Mirandela e Escola Superior de Saúde de Bragança, que oferece mais de 100 cursos, entre os quais mestrados. O Instituto Politécnico de Bragança possui vários centros de investigação, onde se destacam o Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Laboratory Separation and Reaction Engineering e o Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano (CIDESD). Entre os 7000 alunos do IPB há 1.600 estrangeiros, isto é, 23% do total. A urbe tem cerca de 25.000 habitantes e além dos 7000 alunos, o IPB dá emprego a 450 professores e 250 funcionários.
No ensino superior é possível destacar a importância da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego (ESTGL), unidade orgânica do Instituto Politécnico de Viseu (IPV), e pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), sedeada em Vila Real (com um polo em Chaves), composta por quatro escolas de natureza universitária – Ciências Agrárias e Veterinárias; Ciências da Vida e do Ambiente; Ciências e Tecnologia; Ciências Humanas e Sociais – e por uma escola de natureza politécnica – Superior de Enfermagem de Vila Real. a 31 de Dezembro de 2016, tinha 953 trabalhadores, sendo 544 docentes, 406 não docentes e 3 investigadores. No ano letivo de 2016/2017 encontram-se inscritos na UTAD 6.609 estudantes.
Recentemente, criou o Centro de Excelência da Vinha e do Vinho, com enfoque na investigação, desenvolvimento e transferência de tecnologia nos setores da vinha, do vinho e agroalimentar. A Plataforma de Inovação da Vinha e do Vinho contará com um financiamento anual de 1,5 milhões de euros nos próximos três anos, envolve investigadores de diversos centros de investigação nacionais e internacionais relacionados com a cadeia de valor do vinho e do território, as competências multidisciplinares instaladas na UTAD e os centros de investigação do consórcio de universidades UNorte.pt.
O setor vitivinícola tem vindo a beneficiar da investigação desenvolvida tanto a nível nacional como regional, sendo de destacar o papel desempenhado pela universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Vila Real), pela Escola de Biotecnologia da Universidade Católica (Porto) e pela Universidade do Minho (Braga). Também a Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID) tem desempenhado uma importante função como instituição de interface e de transferência de conhecimento dos centros de investigação para a atividade produtiva da região do Douro.
Em 2015 foi lançado o Brigantia Ecopark de Bragança, apenas com o Centro Nacional de Competências dos frutos secos e um investimento de 9,5 milhões de euros mas, um ano depois, instalaram-se mais dez empresas. O projeto resulta de uma parceria entre a Câmara de Bragança e o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e tem mais de 70 espaços para empresas em fase de incubação e já consolidadas, assim como componente laboratorial e espaços de apoio. Entre as empresas contam-se a Valentiva que se dedica ao controlo da qualidade de produtos portugueses para exportação para a indústria farmacêutica alemã, e a Catra Port, de estampagem de peças metálicas.
Em 2016 surgiu o Regia-Douro Park focado nas áreas agroalimentar, agroindustrial, enologia, vitivinicultura, economia verde, valorização ambiental e tecnologias agroambientais e promovido pelo município de Vila Real, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e pela Portuspark – Rede de Parques Tecnológicos e Incubadoras e conta com mais de duas dezenas de empresas.
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