Juros da dívida portuguesa com maior ciclo de quedas em 12 anos

A yield da dívida portuguesa a dez anos recua em outubro pelo sétimo mês seguido, o mais extenso ciclo de quedas desde o início de 2015. Taxa cada vez mais perto dos 2%.

Os juros da dívida soberana portuguesa têm apresentado um rumo descendente, sendo que a taxa na maturidade a dez anos se prepara para registar o mais prolongado ciclo de descidas em mais de 12 anos. Quebrar em baixa a fasquia dos 2% está cada vez mais perto.

A yield nacional a dez anos segue a recuar perto de um ponto base, para os 2,09%, tendo renovado já nesta sessão mínimos intradiários de abril de 2015. Fazendo um balanço mensal, outubro prepara-se para ser o sétimo mês consecutivo em que os juros da dívida nacional a dez anos aliviam. Trata-se do ciclo de quebras mais extenso desde o início do ano 2005. Janeiro de 2015 assinalou oito meses consecutivos de descidas da yield nessa maturidade.

 

Variação mensal da Yield portuguesa a dez anos

Regressando a outubro deste ano, a taxa de juro nesse prazo recuou 30 pontos base, até aos atuais 2,09%, com este indicador a aproximar-se cada vez mais da barreira dos 2%, nível que só foi quebrado no final de abril de 2015. No acumulado do ano, a taxa recuou 167 pontos base, enquanto as yields na mesma maturidade agravaram tanto em Espanha como em Itália.

"Não há realmente nada no caminho das yields portuguesas que impeça que estas regressem aos mínimos de 2015 de cerca de 1,6%, tendo em conta que o risco político se mantém em mínimos e não há nenhumas notícias negativas em termos de ratings.”

Richard Kelly, Dominion Bank

Segundo os analistas da ING, do Société Générale e do canadiano Dominion Bank, o nível dos 2% pode ser quebrado em breve. “Não há realmente nada no caminho das yields portuguesas que impeça que estas regressem aos mínimos de 2015 de cerca de 1,6%, tendo em conta que o risco político se mantém em mínimos e não há nenhumas notícias negativas em termos de ratings“, afirmou Richard Kelly, responsável pela equipa de estratégia global de taxas de juro do Dominion Bank, citado pela Bloomberg.

Juros cada vez mais próximos dos 2%

Fonte: Bloomberg (valores em %)

Portugal tem beneficiado de boas notícias que têm melhorado a perceção dos investidores face à dívida nacional e em consequência têm pressionado as taxas de juro soberanas nacionais no mercado secundário. O bom momento económico que o país vive justificou a retirada do rating português do “lixo” por parte da Standard & Poor’s, enquanto a Moody’s anteriormente já tinha melhorado a perspetiva para positiva, colocando Portugal a apenas um degrau de passar a nível de investimento. Em dezembro, a Fitch poderá ser a segunda das três maiores agências de rating a colocar o “selo” de grau de investimento na dívida nacional, o que segundo o especialista do Dominion Bank iria pressionar ainda mais as taxas de juro soberanas.

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