Centeno marca diferença para anterior Governo e avisa esquerda que conquistas podem-se “perder”
O ministro das Finanças fez questão de vincar a diferença entre a política do atual Governo, e o tempo de Passos Coelho e Paulo Portas. Mas Centeno também falou para a esquerda.
Mário Centeno, ministro das Finanças, defendeu esta sexta-feira a proposta de Orçamento do Estado para 2018 perante os deputados da Assembleia da República. Lembrou os trunfos económicos do passado, sublinhou as medidas mais emblemáticas mas, pelo meio, deixou um aviso à navegação: “Este trajeto pode ser colocado em causa. O que tanto custou a conquistar pode-se perder mais rapidamente do que levou a conquistar”.
No segundo dia de debate na generalidade do OE2018, foi Centeno quem abriu o debate. O ministro repetiu o argumentário habitual. Recuperou os números da melhoria do mercado de trabalho e, de caminho, aproveitou para lembrar um episódio do passado. “Portugal era um país de onde aqueles que estavam em idade de trabalhar emigravam, também por sugestão do anterior Governo”, disse, referindo-se a Pedro Passos Coelho, líder do PSD, que quando era ministro falou na possibilidade de os desempregados procurarem trabalho fora do país.
"Este trajeto pode ser colocado em causa. O que tanto custou a conquistar pode-se perder mais rapidamente do que levou a conquistar.”
Congratulou-se com o “rigor das contas públicas”, a saída do Procedimento por Défice Excessivo, a melhoria do rating da República, o facto de não ter recorrido a “orçamentos retificativos”. Falou dos “14 trimestres consecutivos de crescimento” e garantiu que “as exportações e o investimento crescem mais de 10%”. Aproveitou para defender a política fiscal do OE2018, com o alívio no IRS, mas a manutenção da “previsibilidade fiscal” no IVA e IRC.
Ao longo da sua intervenção, Centeno foi fazendo questão de marcar uma diferença entre o tempo do Governo de Passos Coelho e Paulo Portas, e o atual momento do Executivo socialista.
Mas também falou para a esquerda — até porque BE e PCP têm vindo a notar pontos de desacordo nas políticas orçamentais. Ontem, no primeiro dia de debate na generalidade, PCP e BE fizeram questão de notar que a proposta tal como está ainda não chega. Defenderam a subida da derrama, pediram o fim do corte de 10% no subsídio de desemprego, pediram progressões para os professores, um complemento de reforma para os pensionistas do tempo da troika, alterações ao regime simplificado de IRS, limites às cativações, mais investimento nos serviços públicos — transportes, saúde e educação.
Hoje, Centeno notou que é preciso “manter o mesmo sentido de responsabilidade” que permitiu o país chegar onde está e defendeu que “o Orçamento do Estado segue precisamente essa linha”. Mais: fez questão de reafirmar a coesão do entendimento com PCP e BE, garantindo que “os portugueses sabem que podem contar com o Governo e com a maioria parlamentar que o suporta para continuar neste caminho até ao final da legislatura”.
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