Portugal, um ecossistema empreendedor em crescimento mas ainda com um ‘longo caminho’ pela frente
Ecossistema empreendedor europeu tem crescido, mas Portugal continua com um "longo caminho" por fazer, conclui o State of European Tech Report organizado pela Atomico e pela Slush.
O ecossistema empreendedor europeu está em crescimento mas Portugal continua com um “longo caminho” pela frente. Esta é uma das conclusões do State of European Tech Report, um relatório anual organizado desde 2015 pela Atomico e pela Slush e divulgado esta quinta-feira, e que analisa milhares de startups tech em toda a Europa.
O relatório identifica que se verifica na Europa uma mudança de mentalidades: se antes, as startups europeias olhavam primeiro para Silicon Valley sempre que pensavam numa estratégia de exit, verifica-se hoje que estão a olhar para os Estados Unidos como um destino de compra, para demonstrar o seu sucesso e para expandir-se internacionalmente. “Para nós, estes são sinais de uma verdadeira globalização tech. Tal como o relatório observa, à medida que a tech engole a Europa, todas as cidades estão a tornar-se tech cities“.
Segundo a análise, o Reino Unido continua a ser o maior destino de capital investido na Europa. No entanto, o capital investido desde 2012 em dez países chegou aos mil milhões de dólares, acrescenta o relatório.
“Continuamos a ver pequenos ecossistemas a desenvolver-se por toda a Europa mas que têm ainda um longo caminho a fazer — o que se apresenta como uma grande oportunidade. Enquanto países como Espanha vibram com múltiplas novas startups, bons exits e equipas ambiciosas, o seu vizinho Portugal continua a tentar aumentar a curva e Itália, ainda não conseguiu gerar um ecossistema que faça jus ao seu potencial”, defendeu Carolina Brochado, partner da Atomico. “É encorajador que mais fundos comecem a investir mais do que em casa para que os founders nascidos em tech scenes menos conhecidas possam agora ter acesso à melhor expertise e ao capital global necessário para escalar o negócio”, acrescentou.
O projeto State of European Tech Report começou em 2015 e, esta edição, revela que “o estado da tech europeia é o mais forte do que alguma vez foi”. “A Europa está a construir um ecossistema tech à sua imagem, definido pela sua experiência tecnológica, uma enorme diversidade geográfica e com uma aproximação colaborativa única à indústria tradicional”, acrescentou.
De acordo com o relatório, 17% dos empreendedores oriundos de países como Portugal, Itália, Grécia e Espanha mudam-se para outros ecossistemas de maneira a poderem criar os seus negócios. Mesmo assim, este valor está abaixo da média europeia (21%), com os países do centro e leste da Europa a liderarem estas movimentações (29%).
No que toca ao capital, Portugal está na segunda metade da lista de capital investido (em dólares) per capita por país. De acordo com os dados do relatório da Atomico, Israel lidera a lista com 304 dólares/per capita, seguido dos Estados Unidos (246), Suécia (123), Irlanda (111), e Reino Unido (59). Atrás de Portugal (4 dólares per capita) apenas Itália (3), Rússia (2) e Turquia (0).
A Atomico considera que o relatório é um call to action à regulação europeia. “A mudança é necessária se a Europa quer continuar os seus avanços no desenvolvimento de novas tecnologias”, alerta.
Europa, território de destaque em Inteligência Artificial
A Universidade de Lisboa é 99.ª no top 100 da comunidade de pesquisa em Inteligência Artificial (AI). A Europa aparece em destaque na tabela — com 32 referências universitárias nesta área — e com três universidades francesas a aparecerem em 4.º, 16.º e 17.º lugares. O Imperial College London aparece em 18.º, seguido em 20.º lugar pela Universidade de Oxford. Em contrapartida, o Top 100 conta com 30 universidades dos Estados Unidos e 12 na China.
O relatório reúne dados de mais de 1.800 empresas tech e de alguns dos mais conhecidos fundos e investidores de capital de risco privado, em 35 países. Veja o vídeo sobre as conclusões do estudo aqui.
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