Seis startups portuguesas tiram curso para entrar na bolsa
Arrancou o TechShare, o programa que ajuda empresas a entrarem para a bolsa. Uma iniciativa da Euronext que tem vindo a receber cada vez mais candidaturas, ano após ano.
Arrancou esta sexta-feira a 3ª edição do TechShare, uma iniciativa da Euronext que pretende ajudar empresas e startups a entrarem para a bolsa, através de formações dadas por várias entidades na área. No programa estão inscritas seis empresas portuguesas e o número de candidaturas tem vindo a aumentar, ano após ano.
A 3ª edição do TechShare recebeu, este ano, cerca de doze candidaturas, das quais seis foram selecionadas. As empresas não precisaram de muito para se inscrever no programa, apenas “alguma história para contar e interesse em aprender, e atuem na área tecnológica“, diz Pedro Wilton, senior acount manager da Euronext Lisboa. Passado o processo de candidatura, as empresas são selecionadas com base em critérios de diversificação dentro dos diferentes subsetores.
O programa pretende ajudar as empresas e startups tecnológicas a entrarem para o mercado de capitais, devido ao interesse que o setor tem para a Euronext. Pedro Wilton explica que “estar cotado é liberdade, é desenvolver as próprias estratégias e negócios, tendo acesso ao financiamento“. Filipa Franco, diretora de mercados da Euronext, refere que o mercado de capitais tem “muitos instrumentos disponíveis para financiar essas empresas”.
Serão dez meses de formações, com sessões académicas, seminários técnicos e sessões de formação individuais e em grupo, realizadas em parceria com algumas entidades especializadas na área: BPI, JLM&A, KPMG e MLGTS, que permitirão às empresas, no fim do programa, estarem preparadas para avançarem com a entrada em bolsa. O objetivo desta iniciativa é familiarizar os empresários com o mercado de capitais e aconselhá-los sobre o melhor caminho a seguir para a sua admissão à cotação em bolsa.
Mercado de capitais é sinónimo de visibilidade
É a primeira vez que o BPI faz parte desta iniciativa e João Sousa Leal diz ver com bons olhos o TechShare. “O mercado de capitais está muito estigmatizado e, por isso, exige preparação“, diz. Por sua vez, Eduardo Paulino, sócio da sublinha MLGTS a importância que a iniciativa tem para estas empresas, explicando que “no universo das startups, a mentalidade de abordagem é bastante diferente do que é o mercado de capitais”. Para João Sousa Leal, da KPMG, entrar para a bolsa permite o “acesso facilitado a fundos, pois mesmo que se disperse a maioria do capital, o controlo permanece nos investidores”.
Durante toda a reunião de apresentação das empresas selecionadas, que decorreu esta manhã de sexta-feira, o mercado de capitais foi o tema central, havendo sempre concordância quanto à sua importância para as empresas. Para João Sousa Leal, “a via do crescimento [das empresas] é olhar para o mercado de capitais“, depositando nas empresas e nos empresários portugueses a esperança de que estes percebam “que esta via é essencial”. Também Pedro Wilton acrescentava que “as empresas precisam de mais visibilidade” e que “a bolsa é uma ferramenta muito poderosa para acrescentar visibilidade à empresa”.
De meia dúzia, conheça as seis startups selecionadas
Foram 20 as empresas que demonstraram interesse no programa e dez a 12 aquelas que se candidataram após uma sessão de esclarecimento. No entanto, as selecionadas foram seis: Coimbra Genomics, ComparaJá.pt, MINDERA, Omniflow, PETsysElectronics e, por fim, mais uma que preferiu manter o anonimato. As áreas de atuação variam.
A Genomics, representada por Bruno Soares, pretende utilizar informação do genoma humano para tomar decisões sobre a nossa saúde, em consultas bastante rápidas. Sérgio Pereira, da ComparaJá.pt, explica que a empresa compara produtos financeiros portugueses, de modo a facilitar ao cliente essa escolha. A MINERA funciona com softwares nas áreas da engenharia. A Omniflow atua na área da energia e a perspetiva é crescer a partir de Portugal. Por fim, a PETsysElectronics trabalha na deteção do cancro e já faturou um milhão de euros nos últimos três anos.
TechShare já levou duas startups para a bolsa
O programa TechShare é alargado a mais países para além de Portugal, nomeadamente Bélgica, França e Holanda. No entanto, prevê-se a inserção na Alemanha, Espanha, Itália e Suíça. Este curso pan-europeu foi criado pela EnterNext e é destinado especialmente para empresas em crescimento rápido.
Surge na sequência de três programas lançados pela Euronext de modo a impulsionar as empresas do setor tecnológico. Uma parceria com a Morningstar, que analisa e produz relatórios sobre as empresas deste setor nos mercados Euronext; o Tech40, um índice criado que contém 40 empresas tecnológicas de referência, entre elas três portuguesas – Novabase, Media Capital e Impresa; The Tech Corner, uma área dedicada ao setor no site da Euronext.
O TechShare deste ano recebeu 68 candidaturas no total destes quatro países, mais 21 do que no ano passado. Esta edição contou com 16 empresas belgas, 32 francesas, 14 holandesas e seis portuguesas, a atuarem em várias áreas como as tecnologias digitais, as ciências sociais e as indústrias sustentáveis. De um modo geral, este universo de candidaturas representa cerca de 500 milhões de euros e mais de 6.500 postos de trabalho. Desde a primeira edição, houve duas empresas que completaram a Oferta Pública Inicial nos mercados Euronext: a Osmozis e a Balyo.
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