Novo Banco: Grandes credores pedem a Centeno para “corrigir erros passados”
Pimco, BlackRock e outros grandes credores internacionais enviaram uma carta a Centeno, em que pedem que este, enquanto presidente do Eurogrupo, faça justiça no caso da dívida do Novo Banco.
Seis grandes credores do Novo Banco, onde se incluem a Pimco e a BlackRock enviaram ao presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, uma carta onde pedem que se faça justiça no caso da dívida do banco liderado por António Ramalho e que este “corrija” erros do passado, salientando que ainda que as agências de rating “os possam ter esquecido”, “os investidores internacionais não”.
Na carta, estes grandes fundos começam por aplaudir os objetivos traçados por Mário Centeno de avançar com a União Bancária e de facilitar o investimento na Zona Euro, mas ressalvam: “Para esse fim, desafiámo-lo a primeiro corrigir os erros passados e continuar a trabalhar connosco de modo a atacar os tópicos da desigualdade e a falta de confiança que ainda ameaça Portugal em si“. Assim pedem a Centeno para “começar pela sua casa” nesta missão da promoção da confiança nas entidades europeias.
Desafiámo-lo a primeiro corrigir os erros passados e continuar a trabalhar connosco de modo a atacar os tópicos da desigualdade e a falta de confiança que ainda ameaça Portugal em si.
Em causa está o braço-de-ferro com as autoridades portuguesas por causa da transferência de cinco séries de obrigações no valor de 2,2 mil milhões de euros do Novo Banco para o BES mau, no final de 2015, que penaliza estes credores. O impasse nesta matéria tem-se mantido apesar das negociações com as entidades responsáveis nacionais, mas que não têm evoluído a um ritmo satisfatório para este grupo de grandes credores do Novo Banco.
“Tal como sabe, os nossos investimentos no ‘banco bom’, Novo Banco, foram de forma desleal transferidos de volta para o ‘banco mau’, quebrando o princípio universalmente aceite do pari passu, o tratamento igualitário dos detentores de obrigações sénior”, pode ler-se na carta.
Nesta carta enviada a Centeno escassos dois dias após a sua escolha para liderar o Eurogrupo, o grupo de grandes credores que para além da Pimco e da BlackRock, integra a Attestor Capital, a CQS (o credor mais exposto), a River Birch Capital e a York Capital Management, usa de palavras duras para falar da atuação das autoridades portuguesas relativamente ao dossier do Novo Banco. E em concreto relativamente ao papel desempenhado pelo próprio Mário Centeno.
"Em 2015, sob a sua supervisão, Portugal não cumpriu com as regras.”
“Em 2015, sob a sua supervisão, Portugal não cumpriu com as regras“, dizem ainda estes credores que desafiam o futuro presidente do Eurogrupo “a atuar imediatamente para corrigir a decisão do Banco de Portugal e restaurar a fé dos investidores em Portugal e na União Bancária”, acrescentando que “é necessário encontrar uma solução para toda a gente”, tal como Mário Centeno tinha já dito.
Incitam ainda que para Mário Centeno ser “um verdadeiro presidente neutro”, terá de “assegurar que as autoridades portuguesas se voltem a comprometer connosco”.
“Enquanto credores discriminados, ainda estamos hoje a avaliar os resultados da decisão tomada pelo Banco de Portugal”, escrevem estes grandes credores, lembrando que ainda recentemente boicotaram uma emissão de dívida do BCP. “Enquanto as agência de rating possam ter esquecido os erros do passado de Portugal, os investidores internacionais não”, avisam estes fundos.
(Notícia atualizada)
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