Pilotos portugueses aderem à greve da Ryanair. Param dia 20

Em causa está a "cultura estabelecida de medo e bullying" que a empresa faz aos trabalhadores, acusam os pilotos. Novas greves não estão afastadas.

Os pilotos com base em Portugal vão aderir à greve da Ryanair marcada para o dia 20 de dezembro, anunciou, esta quarta-feira, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC). Em causa, acusa o sindicato, está a “cultura de medo” e o “bullying” que a empresa faz aos trabalhadores. Os pilotos portugueses não serão os únicos a fazer greve. Também em Itália e na Irlanda, país de origem da Ryanair, haverá protestos, naquelas que serão as primeiras greves a afetar a companhia aérea lowcost, desde que existe. A Ryanair já ameaçou retaliar.

A tensão entre trabalhadores e administração arrasta-se desde o verão, quando uma má gestão das férias dos pilotos obrigou a Ryanair a cancelar vários voos, deixando em terra milhões de passageiros. Desde então, os pilotos têm exigido aumentos salariais, mais formação, seguro de saúde e benefícios como alojamento e transportes em terra ou uniformes pagos pela empresa.

Contudo, as negociações não satisfizeram os pilotos, tal como explica, esta quarta-feira, o sindicato português. “Face ao fracasso da administração da Ryanair em dialogar com os representantes escolhidos pelos pilotos, foi convocada uma greve de 24 horas para os pilotos com base em Portugal, no dia 20 de dezembro de 2017, a partir das 00h00”, pode ler-se no comunicado enviado às redações.

"É especialmente preocupante que a gestão prefira cancelar aviões durante o período de pico do verão de 2018, do que comunicar com os seus pilotos de forma a arranjar soluções para os problemas dos aviões.”

Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC)

O SPAC salienta a “recusa contínua de a Ryanair em negociar com os pilotos de forma justa e transparente” e critíca a gestão que é feita pela empresa. “É especialmente preocupante que a gestão prefira cancelar aviões durante o período de pico do verão de 2018, do que comunicar com os seus pilotos de forma a arranjar soluções para os problemas dos aviões”.

Os pilotos asseguram ainda que “esta greve não se deve aos pagamentos” e que, do lado da administração, encontraram apenas “ameaças — sinais claros de uma cultura negativa, quanto aos recursos humanos, que os pilotos sofrem diariamente“. Assim, o sindicato mostra-se aberto a cancelar a greve caso a Ryanair esteja aberta a um “diálogo construtivo, com vista à negociação coletiva” e a um “compromisso em acabar com a cultura estabelecida de medo e bullying em relação à sua equipa”.

Para já, dia 20 é o único para o qual está marcada uma greve, mas o SPAC abre a porta a novos protestos “caso a Ryanair continue a recusar-se a negociar de forma construtiva”.

Ryanair responde com ameaças

Na resposta ao anúncio de greve em Itália, a administração da Ryanair ameaçou os trabalhadores. Os pilotos e assistentes de voo da Ryanair com base em Itália anunciaram uma greve de quatro horas, para esta sexta-feira, e exigem um contrato coletivo único para todos os trabalhadores.

Após este anúncio, a empresa enviou uma carta aos trabalhadores. A participação nesta greve “pode levar à perda de futuros aumentos salariais (…), de transferências (que tenham sido pedidas) ou promoções“, pode ler-se na carta, assinada pelo responsável pelo pessoal, Eddie Wilson, e divulgada pelo jornal italiano La Repubblica.

Na Irlanda, a posição da empresa foi semelhante. Os pilotos afetos ao sindicato IALPA também convocaram uma greve para o dia 20 de dezembro e a Ryanair diz-se surpreendida com esta decisão. Isto porque, segundo a empresa, os pilotos com base em Belfast, Cork e Shannon “já concordaram com os acordos de aumentos salariais de 20%”.

Em declarações enviadas ao ECO, a empresa acrescenta que o sindicato “conta com o apoio de menos de 28% dos mais de 300 pilotos da Ryanair em Dublin” e acredita, por isso, que as perturbações nos voos “estarão limitadas a um pequeno grupo de pilotos que estão a cumprir o seu período de rescisão e irão sair em breve da Ryanair”.

"Qualquer piloto de Dublin que participe nesta ação irá incorrer em quebra de acordo em vigor, perdendo assim os benefícios de que usufruem por lidar diretamente com a Ryanair.”

Ryanair

As ameaças também chegam aos pilotos irlandeses. “Qualquer piloto de Dublin que participe nesta ação irá incorrer em quebra de acordo em vigor, perdendo assim os benefícios de que usufruem por lidar diretamente com a Ryanair, incluindo turnos de 5 dias em trabalho / 4 de folga, certos benefícios monetários e oportunidades de promoção, até ao momento em que escolham regressar à prática estabelecida há mais de 25 anos de lidar diretamente com a Ryanair”.

Notícia atualizada às 18h49 com resposta da Ryanair relativa à greve na Irlanda.

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