Citi alerta para “desequilíbrios financeiros” da EDP

  • Rita Atalaia
  • 26 Fevereiro 2018

O banco de investimento decidiu cortar o preço-alvo da elétrica liderada por António Mexia, por considerar que a nova regulação deixa a estrutura financeira "desequilibrada".

O Citigroup está preocupado com a EDP. O banco de investimento deixa alertas quanto à estrutura financeira da elétrica liderada por António Mexia, que considera estar “desequilibrada”. Para o Citi, as recentes mudanças regulatórias levam a que parte do grupo não esteja a conseguir sustentar os custos da dívida, nem a “generosa política de dividendos”. Uma opinião que levou o banco a cortar o preço-alvo da EDP e a reiterar a recomendação de “vender”.

“Após a intervenção regulatória bastante adversa, consideramos que a estrutura da EDP está desequilibrada, pois parte do grupo, excluindo a EDP Renováveis e a EDP – Energias do Brasil, já não suporta autonomamente a grande maioria da dívida (…) e a generosa política de dividendos”, afirma Antonella Bianchessi, analista do Citigroup, numa nota de investimento citada pela Reuters, relembrando que 73% da dívida está alocada à casa-mãe. Em 2016, a dívida líquida era de 15,9 mil milhões de euros.

"Após a intervenção regulatória bastante adversa, consideramos que a estrutura da EDP está desequilibrada, pois parte do grupo, excluindo a EDP Renováveis e a EDP – Energias do Brasil, já não suporta autonomamente a grande maioria da dívida (…) e a generosa política de dividendos.”

Antonella Bianchessi

Analista do Citigroup

Esta perspetiva negativa em torno da elétrica levou o Citigroup a cortar o preço-alvo da EDP para 2,30 euros, reiterando a recomendação de “vender”. As ações seguiam recentemente em baixa de 0,04% para 2,7990 euros. Contactada pelo ECO, a EDP não quis fazer quaisquer comentários.

Ações da EDP seguem no vermelho

O Citi não se limita a cortar a avaliação, prevendo também uma redução do dividendo por ação. Ainda não se conhecem as contas da EDP referentes ao ano passado, quando deverão ser revelados os dividendos da elétrica. Mas, segundo o Citi, o dividendo por ação deve ser reduzido para 14 cêntimos a partir deste ano. Isto depois de ter pago 19 cêntimos por ação em 2017 face a 2016. Ou seja, cerca de 695 milhões do que lucrou (961 milhões).

Esta medida só por si não será suficiente para reequilibrar a estrutura financeira do grupo e, na nossa opinião, serão necessárias mais medidas”, refere Antonella Bianchessi. “Uma fusão com a EDP Renováveis ou a venda de ativos adicionais” poderão ajudar a restabelecer a estrutura financeira da elétrica, aponta.

Desde o início do ano, houve vários bancos a cortarem a perspetiva em torno da EDP. Em janeiro, o CaixaBI alterou a avaliação e estimativas — o preço-alvo caiu para 3,15 euros face aos anteriores 3,50 euros — para ” incluir os últimos dados divulgados, as alterações no portefólio de ativos e o impacto negativo da nova regulação”.

No caso do BPI, houve uma redução de 3,70 para 3,40 euros no início de 2018, mantendo a recomendação de “neutral”. Apesar de não preverem mais alterações regulatórias, os analistas do BPI disseram que alguns assuntos pendentes nesta área deverão continuar a gerar “ruído” nesta área.

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