Investimento não crescia tanto desde 1998. De que é feito?

Apesar de um aumento histórico, o investimento registado em Portugal em 2017 ainda não atingiu os níveis de 2011. Aceleração no setor da construção deu o maior contributo.

O investimento em Portugal ainda está aquém dos números registados antes de 2012, um dos anos do pico da crise. Mas 2017 foi um ano decisivo para lá se chegar. A formação bruta de capital, que traduz o investimento no país, cresceu 8,4% no ano passado, pelo que é preciso recuar a 1998 para encontrar uma taxa de variação homóloga tão elevada. De que é feito este investimento?

Os dados das contas nacionais divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmaram dois números históricos do PIB e do investimento que, no entanto, não apagam totalmente a forte queda da economia portuguesa durante a crise. Em milhões de euros, o investimento continua aquém dos números de 2011, comparando-se apenas com o volume de investimento registado em 1996, como mostra o próximo gráfico.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística.

O próprio INE destaca que o investimento foi o motor da procura interna que, por sua vez, foi o que contribuiu de forma decisiva para que o PIB aumentasse 2,7% em 2017. “O contributo da procura interna aumentou para 2,9 p.p. (1,6 p.p. em 2016), refletindo sobretudo a aceleração do investimento para uma taxa de variação de 8,4% (0,8% em 2016)”, assinalava o INE esta quarta-feira.

Esse crescimento da formação bruta de capital traduziu-se em mais 2,4 mil milhões de euros investidos em Portugal face a 2016. No total, foram investidos mais de 30 mil milhões de euros. É preciso recuar a 1998 para ver números superiores (13,4%), ano em que o investimento no país aumentou quatro mil milhões de euros.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística.

Mas que áreas da economia portuguesa investiram mais? Os dados revelam que o maior contributo veio do setor da construção, como corrobora o destaque do INE: “A FBCF [formação bruta de capital fixo] em construção foi a componente que mais contribuiu para a evolução da FBCF total em 2017, registando um aumento de 9,2%, após ter diminuído 0,3% em 2016″. Esta variação correspondeu a mais 1.237 milhões de euros de investimento face a 2016. Porém, o investimento na construção ainda não regressou aos valores registados antes de 2012.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística.

Apesar de não ter sido o setor que mais cresceu em termos percentuais, a construção é de longe a que tem uma maior base, seguida da categoria outras máquinas e equipamentos e dos produtos de propriedade intelectual — este último cresceu mas marginalmente. Além da construção, foi o investimento em outras máquinas e equipamentos (+968 milhões de euros face a 2016) e em equipamento de transporte (+318 milhões de euros) que ditou esta variação histórica do investimento.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística.

“No mesmo sentido, a FBCF em outras máquinas e equipamentos acelerou significativamente em 2017, passando de um crescimento de 4,3% em 2016 para 13,0%”, destaca o INE esta quarta-feira, referindo ainda que “a FBCF em equipamento de transporte também acelerou em 2017, registando uma taxa de variação de 14,1% (8,4% em 2016)”. Ambas as categorias já recuperaram o folgo perdido durante a crise.

Apesar de não ser possível ver nos dados do Instituto Nacional de Estatística quanto deste investimento é público, é possível recordar os dados da execução orçamental do ano passado. Segundo os dados da Direção-Geral do Orçamento, as administrações públicas investiram 4,1 mil milhões de euros em 2017, cerca de 13,3% do investimento total registado em Portugal no ano passado.

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