Um ex-ministro na China que todos querem ouvir

Um pedido de audição, uma proposta de comissão de inquérito. O caso Manuel Pinho está a marcar a agenda política esta segunda-feira. Ex-ministro terá recebido dinheiro do GES quando estava no Governo.


E, ao 10º. dia, os partidos com assento parlamentar acordaram
. Foi a 19 de abril que o Observador noticiou que o ex-ministro da Economia terá recebido dinheiro do Grupo Espírito Santo (GES) quando estava no Governo para beneficiar o BES e a EDP. Mas só dez dias depois um dos partidos se chegou à frente para pedir que Manuel Pinho seja ouvido na Assembleia. De lá para cá, o caso não para de crescer.

Vamos por partes. O Observador escreveu que, depois do caso Monte Branco, do Universo Espírito Santo e da Operação Marquês, Ricardo Salgado vai ser novamente constituído arguido num processo criminal. Desta vez, é o chamado caso EDP, que investiga os benefícios de mais de 1,2 mil milhões de euros alegadamente concedidos à principal elétrica nacional por parte de Manuel Pinho, ex-ministro da Economia do Governo de José Sócrates.

A notícia foi publicada a 19 de abril mas, nos dias seguintes, nada aconteceu. Até que, este domingo, o PSD decidiu comunicar que vai chamar Pinho ao Parlamento. O anúncio foi feito pelo próprio Rui Rio que pediu esclarecimentos “políticos” ao ex-ministro da Economia, independentemente do trabalho em curso que a Justiça esteja a fazer.

Esta manhã foi a vez de o PS dizer que também quer ouvir o ex-governante. Numa declaração à Lusa, o presidente do partido, Carlos César, classificou o caso como “insólito” e pediu que a audição acontecesse o “mais depressa possível”.

Mas Manuel Pinho não considera a ida ao Parlamento como prioritária. Numa nota para a comunicação social, o advogado do ex-ministro, Ricardo Sá Fernandes, explicou que o ex-ministro está na China, tem disponibilidade para ir ao Parlamento, mas só o fará depois de ser interrogado pelo Ministério Público.

Também o CDS se mostrou interessado em ouvir Manuel Pinho. E o Bloco de Esquerda quis ir mais longe. Não só anunciou que vai propor a criação de uma comissão de inquérito, como decidiu não se ficar pelas medidas adotadas pelo ex-governante Miguel Pinho. O objeto desta comissão são as decisões políticas tomadas desde 2004 (e depois em 2007 – estas já tomadas por Pinho) e que permitiram as chamadas “rendas excessivas” à EDP.

Esta comissão de inquérito ainda estará sujeita a aprovação por parte do Parlamento. Rio disse esta tarde que não vai entrar em “guerras mediáticas” e remeteu o anúncio sobre a decisão do voto para depois de conhecer o projeto do Bloco de Esquerda.

O caso Manuel Pinho teve estes desenvolvimentos no dia em que Ricardo Salgado conheceu a Tribunal de Supervisão sobre as contraordenações aplicadas pelo Banco de Portugal pela comercialização de títulos de dívida da Espírito Santo Internacional (ESI) junto de clientes do Banco Espírito Santo (BES). Aos jornalistas, o ex-líder do BES — que faliu em 2014 — declarou que este “nunca” corrompeu ninguém e que o caso Manuel Pinho “não tem pés nem cabeça”.

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