Costa: “Há consenso nacional” de arrependimento por não se ter avançado com aeroporto

  • Lusa
  • 13 Maio 2018

O primeiro-ministro defende ainda que não há turismo a mais e que o setor tem grande potencial para crescer. "A resposta não é proibir o turismo. É diversificar a oferta", sublinha.

O primeiro-ministro, António Costa, disse este sábado acreditar que há “um novo consenso nacional” de arrependimento por não se ter avançado antes com um novo aeroporto internacional.

“Hoje, creio, há um novo consenso nacional, arrependidos de não ter feito a tempo e horas aquilo que hoje já estamos numa luta para tentar recuperar, que é o país ter um novo aeroporto internacional com capacidade de dar resposta àquilo que é a oferta do turismo no nosso país”, afirmou António Costa, na inauguração do novo hotel do Grupo Vila Galé, em Sintra.

O aeroporto no Montijo tem sido uma das maiores reivindicações dos agentes do setor turístico.

Na quarta-feira, uma notícia do Jornal de Negócios deu conta de que um estudo de impacte ambiental para o futuro aeroporto do Montijo viabiliza o projeto, embora aponte alguns impactos na fauna e flora locais e sugira algumas medidas compensatórias.

No dia seguinte, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, minimizou as conclusões de um relatório sobre os impactos ambientais na construção do futuro aeroporto do Montijo, referindo que “são ultrapassáveis e passíveis de ser mitigados”. Em declarações à Lusa, durante uma visita ao concelho de Sintra, o ministro manifestou-se confiante no sucesso do projeto, sublinhando que a opção do Montijo “é a melhor opção”.

“Este relatório não trouxe surpresas em relação ao que esperávamos. É uma infraestrutura que já serve de pista de aterragem [militar] e que, neste caso, terá uma mudança no seu uso, passando a ter também uma utilização por civis”, apontou o governante. Sobre os alertas e sugestões deixadas por este estudo, Pedro Marques disse apenas que os impactos apontados “são limitados e capazes de ser mitigados”.

Entretanto, o governante adiantou que a concessionária do aeroporto, a ANA – Aeroportos de Portugal, já submeteu este relatório à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), entidade a quem caberá emitir um parecer final sobre os impactos ambientais. “Abre-se aqui um processo de avaliação e de consulta pública e esperemos que, no final do ano, a APA possa emitir uma declaração de impacto ambiental favorável”, perspetivou o ministro.

“Não há turismo a mais”

Ainda na inauguração do novo hotel do grupo Vila Galé, em Sintra, António Costa frisou que há duas ideias “muito perigosas” sobre turismo, nomeadamente que esta “é uma moda passageira” e que há turistas “a mais”, reforçando que o que há é “um enorme potencial de crescimento”.

“Há duas ideias muito perigosas: uma é a de que há turismo a mais. Não há turismo a mais, o turismo existe e tem ainda um enorme potencial de crescimento. Não é, seguramente, por acaso que, nos últimos dois, anos abriram 112 novos hotéis e este ano se prevê a abertura de mais 61 novos hotéis”, afirmou o primeiro-ministro.

A segunda ideia perigosa, continuou, e que “é preciso combater”, é a de que “o turismo é uma moda passageira, que estamos hoje a ter benefícios colaterais por problemas alheios”. “Esta não é uma ideia verdadeira porque o turismo que mais tem crescido em Portugal não é o turismo alternativo às praias que deixaram de ser utilizadas no Médio Oriente. O que mais tem crescido tem sido o turismo de cidade, o turismo de natureza, que não é beneficiário da insegurança no resto do mundo. Tem crescido, mas por mérito próprio”, reforçou o primeiro-ministro perante uma plateia repleta de várias personalidades ligadas ao setor.

António Costa enalteceu “a enorme capacidade” que o país tem para “diversificar a oferta”, estratégia que, em seu entender, sustenta a ideia de “enorme potencial” que o país tem em termos turísticos. “E este desafio [de diversificar a oferta], é um desafio que temosde ganhar porque temos que vencer a imagem – que ainda muitas vezes existe – de que somos um país de sol e mar, pois hoje temos que ter um país que tem uma oferta de 365 dias por ano (…)”.

António Costa falou ainda nas inúmeras possibilidades de diversificação de oferta turística que Portugal tem, como seja o turismo urbano, o sol e mar, o turismo rural, natureza, congressos, eventos e também de saúde. “Tal como neste hotel, temos que atrair um tipo de clientela que procure o nosso país para poder beneficiar da qualidade do nosso serviço de saúde”, afirmou o primeiro-ministro.

"A ideia de que há turismo a mais é uma ideia errada. A resposta não é proibir o turismo. É diversificar a oferta. É mesmo necessário continuar a investir no turismo.”

António Costa

Primeiro-ministro

Em termos do território, António Costa lembrou que Portugal, para além da oferta do continente, tem duas regiões autónomas, de “qualidade extraordinária”. “Uma já mais conhecida, há mais anos, como grande destino turístico, que é a Madeira”, mas “a outra, uma preciosidade que está por descobrir, até para muitos portugueses, que terão maior dificuldade em descobrir se não houver investimento naquelas nove ilhas, porque, de facto, a excelência dos Açores é de uma enorme oportunidade”, disse aos hoteleiros presentes.

“Creio, por isso, que a ideia de que há turismo a mais é uma ideia errada. A resposta não é proibir o turismo. É diversificar a oferta. É mesmo necessário continuar a investir no turismo“, disse ainda.

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