Greve da Ryanair obriga portugueses a procurar alternativas mais caras

  • Lusa
  • 10 Agosto 2018

Em comunicado, a companhia irlandesa refere que tomou “todas as medidas” necessárias para minimizar os efeitos da greve sublinhando que suspendeu cerca de 400 voos marcados.

Muitos emigrantes portugueses a viver na Alemanha estão a ser afetados esta sexta-feira pela greve de 24 horas convocada pelos pilotos da Ryanair, e as alternativas passam por esperar ou “arranjar um voo muito mais caro”. A companhia de baixo custo revelou que hoje não serão realizados 250 voos de 2.400 de e para a Alemanha, na sequência da greve do sindicato alemão Vereinigung Cockpit.

Mário Barros confessa que a paralisação marcada para hoje “acabou por estragar as férias”. O emigrante português tinha voo marcado para Faro esta tarde, mas acabou por ver na aplicação da Ryanair que tinha sido cancelado: “Eles dizem que enviaram um email, mas eu não recebi nada, apenas vi ontem na aplicação, quando ia fazer o check-in”. “Acabei por ligar para o aeroporto de Dusseldorf e foi quando me confirmaram que o voo tinha sido cancelado e então dei início ao pedido de reembolso”, adianta, explicando que as alternativas eram “arranjar um voo mais caro ou esperar uma semana”.

Conseguir outro voo “já está fora de questão”, principalmente por causa dos preços: “Na TAP um voo para Lisboa está quase a 400 euros e eu nem sei quanto tempo vai demorar o reembolso da Ryanair”. Nos planos estava um voo até Faro e depois uma viagem de comboio até Lisboa, terra natal, onde ficaria de férias durante duas semanas. Agora os planos são outros: “Acabou por me estragar as férias. Em princípio só vou no Natal, vamos ver. Ryanair acabou. Vou pela Vueling ou pela TAP”.

Milton Santos também garante que não volta a viajar pela Ryanair, adiantando que foi a primeira vez que marcou “viagem com eles e também foi a última”. Tinha escolhido uma “alternativa económica” que o levava de Lisboa para Frankfurt, depois apanharia um comboio até Berlim, cidade onde vive há dois anos e meio. “Ia ficar um dia em casa de um familiar e depois seguia viagem”, revela.

Recebi um email na quarta-feira a informar que o meu voo ia ser cancelado. Pesquisei na internet para perceber quais são os meus direitos e pedi o reembolso do bilhete já comprado. Como na segunda-feira tenho que voltar ao trabalho, não tive outro remédio que comprar um bilhete de última hora”, contou. Hoje, às 6h30 da manhã, já estava no aeroporto da Portela, em Lisboa, “apesar do dia do voo ser o mesmo que o anterior, a companhia aérea é outra, e tive que pagar um valor extra que não estava nos meus planos gastar”.

É a primeira vez que viajei com a Ryanair e também é a última. Desta vez tive sorte porque encontrei um voo no mesmo dia, mas nem toda a gente teve essa sorte”, acrescentou à chegada a Frankfurt.

Ryanair diz que opera 85% dos voos apesar da greve na Europa

A companhia aérea Ryanair garantiu que vai realizar 85% dos voos programados para esta sexta-feira, dia marcado pela greve dos pilotos na Irlanda, Suécia, Alemanha e Bélgica, enquanto os sindicatos referem que 67 mil passageiros serão afetados pelo protesto.

Em comunicado, a companhia irlandesa refere que tomou “todas as medidas” necessárias para minimizar os efeitos da greve sublinhando que suspendeu cerca de 400 voos marcados para hoje nos países onde os trabalhadores estão a cumprir a paralisação. “A maioria dos clientes afetados foram desviados para outros voos da Ryanair”, indica a companhia.

De acordo com os sindicatos dos pilotos a greve vai afetar 67 mil passageiros apesar de a Ryanair referir que o número de clientes afetados pela paralisação ronda os 55 mil, não tendo disponibilizado dados específicos para cada país. “Apesar de a greve de 10 de agosto, sexta-feira, ser lamentável e desnecessária em cinco dos nossos 37 mercados (países), mais de dois mil voos — 85% do nosso programa –, vão operar com normalidade no transporte de quase 400 mil passageiros em toda a Europa”, diz ainda a companhia irlandesa.

No comunicado, a empresa pede aos sindicatos e aos pilotos que “continuem a negociar” em vez de “convocarem greves desnecessárias”. A greve é apoiada pela Associação Sueca de Pilotos (SPF), pelos pilotos inscritos na Federação Sindical Belga (CN), pelo sindicato alemão Vereinigung Cockpit (VC), pelo sindicato holandês VNV-Dutch e pela Associação de Pilotos Irlandeses (Ialpa) que já organizou quatro paralisações na Irlanda desde o dia 12 de julho.

A Ryanair confirmou esta semana que cancelou 104 voos com destino e partida da Bélgica, 22 na Suécia e 20 na Irlanda e contactou quase 25 mil clientes afetados para a devolução do dinheiro despendido em bilhetes e indicar rotas alternativas. O sindicato alemão (VC) decidiu na quarta-feira unir-se à mobilização dos trabalhadores irlandeses, suecos, belgas provocando a suspensão de 250 voos com destino ou origem na Alemanha.

Os pilotos holandeses decidiram quinta-feira juntar-se à paralisação. Entretanto, os pilotos da Ryanair concentram-se esta sexta-feira no aeroporto de Charleroi, sul de Bruxelas, para denunciarem a atitude da direção da companhia por ter recusado instaurar o diálogo social alegando que as petições “são legítimas”. “Nós não pedidos aumentos salariais, pedimos a aplicação da legislação nacional em cada país onde a Ryanair opera. É um pedido legítimo”, disse um dos pilotos presente na concentração belga.

Os pilotos que se encontram baseados na Bélgica reclamam concretamente o direito à antiguidade e à possibilidade de acesso ao subsídio de desemprego no país, caso venham a necessitar. As paralisações em curso são o primeiro protesto conjunto dos pilotos que pedem negociações desde o princípio do ano sobre salários e condições laborais.

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