Cancelados 75% dos voos da Ryanair. Transportadora pede desculpa aos passageiros
No primeiro dia de greve [quarta-feira] foram cancelados 65% dos voos.
Cerca de 75% dos voos da Ryanair com partida e chegada aos aeroportos do continente foram cancelados devido à greve dos tripulantes de cabine, segundo dados do Sindicato do Pessoal de Voo da Aviação Civil às 08h45 desta quinta-feira. Ainda assim, a transportadora irlandesa garante que não haverá interrupções na sua operação, além dos voos previamente cancelados.
Os tripulantes de cabine da transportadora aérea Ryanair cumprem hoje o último de dois dias de uma greve europeia para exigirem a aplicação da lei nacional. No Twitter, a companhia área de baixo custo já pediu desculpa aos 50 mil passageiros afetados pela paralisação e garantiu estar a operar normalmente os voos agendados.
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“Posso confirmar que sete dos voos planeados foram cancelados no Porto, em Faro foram todos cancelados, ou seja, sete em sete, e em Lisboa estão três cancelados dos cinco planeados”, disse à lusa o dirigente sindical Bruno Fialho, do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC). De acordo com Bruno Fialho, até às 08h45 estavam cancelados cerca de 75% dos voos.
“No primeiro dia de greve [quarta-feira] foram cancelados 65% dos voos”, indicou.
Em declarações à Lusa, Bruno Fialho adiantou também que o sindicato recebeu informações sobre a atuação de inspetores da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) em dois aviões no aeroporto de Lisboa hoje de manhã.
“A ACT foi verificar se os tripulantes que estavam dentro de dois aviões da Ryanair hoje de manhã eram tripulantes das bases portuguesas ou se eram substitutos de grevistas. Neste momento não tenho mais informação”, disse.
A Ryanair tem estado envolvida, em Portugal, numa polémica desde a greve dos tripulantes de cabine de bases portuguesas por ter recorrido a trabalhadores de outras bases para minimizar o impacto da paralisação, que durou três dias, no início de abril.
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) tem denunciado, desde o início da paralisação, que a Ryanair substitui ilegalmente grevistas portugueses, recorrendo a trabalhadores de outras bases. A empresa admitiu ter recorrido a voluntários e a tripulação estrangeira durante a greve.
Por essa razão, a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) tem, “desde a semana passada, vindo a acompanhar esta situação e a desenvolver todos os passos necessários para identificar situações que possam, eventualmente, ferir a legalidade do nosso quadro constitucional do direito à greve”, acrescentou.
No domingo, a ACT anunciou ter desencadeado uma inspeção na Ryanair em Portugal para avaliar as irregularidades apontadas pelo SNPVAC.
A decisão de partir para a greve foi tomada a 5 de julho numa reunião, em Bruxelas, entre vários sindicatos europeus para exigirem que a companhia de baixo custo aplique as leis nacionais laborais e não as do seu país de origem, a Irlanda.
Com a greve, os trabalhadores querem exigir que a transportadora irlandesa aplique a legislação nacional, nomeadamente em termos de gozo da licença de parentalidade, garantia de ordenado mínimo e que retire processos disciplinares por motivo de baixas médicas ou vendas a bordo dos aviões abaixo das metas definidas pela empresa.
PS solidário com trabalhadores em greve
PS manifestou-se, esta quinta-feira, solidário com os motivos da greve dos trabalhadores da Ryanair e pediu a intervenção do Governo caso a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) conclua pela existência de “grosseiras” violações aos direitos laborais.
“O Governo deve aguardar pelas conclusões da ACT e, em função dessas conclusões, nomeadamente sobre a eventual violação grosseira dos direitos dos trabalhadores, deve agir em conformidade. A retirada ou não de benefícios [económico-financeiros] é uma decisão do Governo, que tudo deve fazer para que os direitos dos trabalhadores sejam cumpridos” em Portugal, declarou a deputada e antiga secretária de Estado socialista Idália Serrão.
Perante os jornalistas, Idália Serrão pronunciou-se de forma crítica sobre a atuação da companhia irlandesa de aviação em resposta à greve. “Para além de pedir desculpa através das redes sociais aos passageiros que não puderam fazer as suas viagens, a Ryanair deveria também pedir desculpa aos seus trabalhadores pela violação grosseira dos seus direitos“, sugeriu.
“O PS não aceita que estejam a ser colocados em causa os direitos dos trabalhadores da Ryanair baseados em Portugal, nomeadamente os direitos à greve, à não penalização em caso de doença e ao gozo de licenças de parentalidade”, especificou, apontando, depois, outras situações como “cortes nos salários ou penalizações na progressão nas carreiras caso não se alcancem objetivos em termos de vendas de produtos a bordo.
Idália Serrão disse ainda entender “a luta dos trabalhadores da Ryanair quando invocam que não têm um salário base definido” em situações em que são contratados por empresas de trabalho temporário, “apesar de exercerem funções permanentes”.
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