Brexit: Theresa May diz que alternativa ao seu plano é uma saída sem acordo
A primeira-ministra britânica apenas coloca duas soluções para a saída do Reino Unido da União Europeia: o seu plano de divórcio, conhecido como 'Chequers', ou uma saída sem acordo.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, alertou esta segunda-feira que só existem duas opções para o Brexit: o seu plano de divórcio, conhecido como ‘Chequers’, ou uma saída sem acordo com a União europeia.
“Creio que a alternativa [à aprovação do meu plano pelo Parlamento britânico] será que não teremos um acordo”, disse May numa entrevista à BBC. O plano ‘Chequers’ contempla criar uma área de livre comércio para bens depois do Brexit, o que evitaria os controlos de alfândega e manteria aberta a fronteira irlandesa.
No entanto, os deputados conservadores mais eurocéticos, entre os quais o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson, rejeitam essa possibilidade, que deixaria o Reino Unido ligado aos outros 27 Estados-membros e dificultaria a negociação de acordos comerciais com países exteriores à UE. Os eurocéticos propõem utilizar tecnologia já existente para evitar uma fronteira visível.
Na entrevista, May considera necessário um “movimento de mercadorias livre de fricções”, sem alfândegas ou controlos reguladores entre o Reino Unido e a UE na ilha da Irlanda para evitar uma fronteira física. O objetivo do Reino Unido é evitar uma fronteira visível entre a República da Irlanda e a província britânica da Irlanda do Norte para não prejudicar o processo de paz.
Já hoje, Johnson voltou a criticar o plano de May, ao afirmar, no jornal “The Daily Telegraph”, que o fracasso do Governo em resolver a questão irlandesa levou a uma “abominação constitucional”. “Pela primeira vez desde 1066 (conquista normanda da Inglaterra), os nossos líderes consentem deliberadamente a uma autoridade estrangeira”. Johnson acrescentou que o plano “Chequers” implica que o Reino Unido “permaneça efetivamente na união aduaneira e grande parte do mercado único”.
O diário “The Times” escreve esta segunda-feira que a UE parece estar disposta a aceitar uma fronteira irlandesa “sem fricções”. Segundo o jornal, o negociador comunitário, Michel Barnier, está a trabalhar num novo plano para utilizar tecnologia que permitiria minimizar os controlos aduaneiros.
A questão da fronteira irlandesa, que nem Londres nem Bruxelas querem reintroduzir, é uma das principais dificuldades nas negociações do Brexit, que as duas partes querem concluir até à cimeira de outubro ou, o mais tardar, no início de novembro, poucos meses antes do divórcio, previsto para 29 de março. O Brexit será um dos assuntos em discussão na cimeira informal de quinta-feira em Salzburgo.
FMI alerta para “custos significativos” se não houver acordo
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou esta segunda-feira que haverá “custos significativos” para a economia do Reino Unido em “menor medida” para os países da UE se este país deixar o bloco comunitário sem um acordo bilateral.
Ao apresentar um relatório em Londres, a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, advertiu que há “pontos chave” por resolver para que o Reino Unido e a UE consigam um acordo do Brexit, que reduziria o impacto para ambas as partes. O FMI sustenta que mesmo com um bom acordo de saída este país teria um crescimento económico moderado nos próximos anos, com uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,5% tanto em 2018 como em 2019.
Largarde sublinhou que estas estimativas “assumem um consenso a tempo com a UE sobre um acordo de livre comércio amplo e um posterior processo de ‘Brexit’ relativamente ordenado”. Numa conferência conjunta, o ministro da Economia britânico, o conservador Philip Hammond, reconheceu que ao deixar a UE, o Reino Unido deve assegurar “uma associação estreita e duradoura” com os 27.
Londres também deve ter em conta “as advertências do FMI e outros sobre o custo significativo que o facto de não alcançar um acordo com UE pode ter para o emprego e a prosperidade do Reino Unido”. No relatório periódico sobre as perspetivas económicas do Reino Unido, o FMI sublinha que “todos os cenários do Brexit ou saída britânica do clube comunitário implicarão “custos”, mas que um “não acordo seria “o pior resultado”.
Ainda que um eventual pacto comercial pudesse reduzir o prejuízo económico, “é improvável que traga benefícios suficientes para contrabalançar os custos” de deixar o bloco, indica o documento. O Fundo insta o Reino Unido a preparar medidas para “salvaguardar a estabilidade financeira e monetária” em caso de se produzir um Brexit caótico, e prever uma possível queda da libra e de outros ativos. O relatório adverte que o Reino Unido ainda enfrenta “uma enorme tarefa” em relação à saída da UE e considera “improvável” que a tenha completado em 29 de março de 2018, quando oficialmente deixará o bloco.
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